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A influência dos tablets no comportamento infantil
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A influência dos tablets no comportamento infantil

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02/05/2013
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Pesquisa aponta os pontos relevantes sobre o uso frequente desses aparelhos entre as crianças

crianças e tablet

Na semana passada, o professor Lino de Macedo, professor titular da Psicologia da Educação da USP e nosso assessor no Hospital Sabará deu uma entrevista sobre celulares para a Veja Online. Agora a pouco, li uma reportagem sobre tablets publicada no The Wall Street Journal, um dos jornais mais conceituados do mundo. Realmente, nos dias de hoje, ser pai de crianças traz muitas dúvidas e poucas respostas sobre como devemos criá-los.

Mais da metade das crianças nos EUA têm acesso ao tablet, ao smartphone ou a algum dispositivo touchscreen similar. Para os pais, o amor dos filhos por esses dispositivos levanta uma série de perguntas.

Hoje em dia, as crianças passam muitas horas na frente da televisão e do computador ou jogando videogame. Os neurocientistas pediátricos e pesquisadores que estudaram nelas os efeitos do tempo de tela sugerem que os tablets são um animal diferente.

“Uma criança olha para uma tela de TV 150 vezes por hora”, diz Daniel Anderson, professor emérito de psicologia da Universidade de Massachusetts. Ao longo dos últimos 30 anos, os estudos dele mostraram que os pequenos têm dificuldades em saber para onde dirigir o olhar em uma tela de TV.

Os aplicativos dos tablets, quando bem concebidos, são mais atraentes, porque, muitas vezes, o lugar na tela que uma criança toca é a mesma onde a ação acontece e onde o olhar deve ser dirigido.

Muitos pesquisadores esperam que isso possa ajudar as crianças a aprender. Um estudo patrocinado pelo Joan Ganz Cooney Center, na Sesame Workshop, utilizou o iPod Touch e foi observado nas crianças de 4 a 7 anos de idade melhorias durante um teste de vocabulário, após o uso de um aplicativo educacional chamado “Martha Speaks”. Jovens de 5 a 13 anos que foram testados, atingiram a média de 27% em relação aqueles que não foram estimulados pelo aplicativo. Outro estudo que utilizou um aplicativo educacional diferente teve um resultado semelhante com crianças de 3 anos de idade que apresentaram um ganho de 17%.

De muitas maneiras, a criança que usa um tablet é uma “cobaia”. Enquanto o primeiro iPad foi colocado à venda há dois anos, estudos científicos mostram como tal dispositivo afeta o desenvolvimento dos pequenos entre 3 a 5 anos. Há “pouca pesquisa sobre o impacto da tecnologia como essa em crianças”, dizem os neurocientistas e pesquisadores da educação.

Os tablets permitem que as crianças interajam com a tecnologia em uma idade mais jovem do que nunca. Dedos minúsculos que ainda não tem agilidade suficiente para manipular um mouse ou operar um console de videogame pode navegar uma tela de toque dos tablets.

“Infelizmente, um monte de experimentação da vida real vai ser feito pelos pais de crianças e adolescentes”, diz Glenda Revelle, professora de desenvolvimento humano e ciências da família na Universidade de Arkansas.

Alguns pais facilmente compartilham um tablet com seus filhos e citam os muitos aplicativos comercializados como ferramentas educacionais. Alguns não o fazem e há ainda outras famílias que recorrem a ele como uma ferramenta de último recurso para entreter e acalmar as crianças em viagens de avião, de carro e mesmo em casa.

Na lista de preocupações dos pais sobre o uso do tablet está o sedentarismo e o baixo relacionamento social das crianças. Há também o mistério de saber o que exatamente o uso desse dispositivo causa no cérebro dos pequenos.

O cérebro se desenvolve mais rápido durante os primeiros anos de vida de uma criança. No nascimento, o cérebro humano é formado por cerca de 2.500 sinapses (as conexões neuronais ou das células nervosas). Esse número cresce para cerca de 15.000 mil por célula cerebral até os 3 anos de idade. Nos anos posteriores, o número diminui.

Quanto mais as crianças assistem televisão durante esses anos de formação, mais provável é que elas irão desenvolver problemas de atenção mais tarde. O estudo foi baseado na observação e não em laboratório de pesquisa. Outros estudos não encontraram uma correlação. Embora ela tenha analisado o uso de tablets por crianças pequenas, há suspeita que o efeito possa ser semelhante ou talvez mais significativo. “Um dos pontos fortes do iPad é a interatividade, mas isso também pode ser sua fraqueza”.

Nos EUA, 39% das crianças com idades entre 2 a 4 anos de idade e 52% das crianças de 5 a 8 já usaram um iPad, um dispositivo touchscreen do iPhone ou um similar para jogar jogos, assistir vídeos ou usar outros aplicativos, de acordo com o levantamento no ano passado da Common Sense Media, um grupo sem fins lucrativos com sede em São Francisco. A Apple Store já vendeu mais de 65 milhões de iPads e os analistas preveem que os consumidores comprarão cerca de 120 milhões de tablets da Apple e de outros fabricantes este ano.

“Ele está se concentrando”, diz Sandra Calvert, professora da Universidade de Georgetown. É fisiologicamente a mesma coisa que ele faz enquanto a criança está aprofundada no Lego. Os psicólogos chamam isso de “experiência de fluxo”.

Há uma sutil diferença: a criança decide quando um edifício está concluído, um aplicativo determina quando a tarefa estiver concluída corretamente. Os pesquisadores dizem que não está claro se essa diferença tem qualquer impacto sobre a criança.

Logo, se o nosso filho brincar com tablets, isso pode se tornar uma batalha noturna. “Dá-lhe um esguicho de dopamina”, diz Michael Rich, diretor do Centro de Mídia e Saúde da Criança do Hospital Infantil de Boston, referindo-se à substância química do cérebro, muitas vezes associada ao prazer. Muitos aplicativos para crianças são projetados para estimulá-las continuamente e, portanto, dopamina as estimula a continuar jogando pelas recompensas visuais interessantes, às vezes, imprevisíveis. Aí que pode morar o perigo.

Como se pode ver nesta reportagem, muita coisa não se sabe, outras existem controvérsias, mas, como tudo na vida, agir com moderação, evitar exageros e procurar se informar melhor é sempre o caminho recomendado.

Neste momento, infelizmente, nós pediatras podemos ajudar muito pouco.

Por Dr. José Luiz Setúbal
Fonte: The Wall Street Journal

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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mensagem enviada

  • José Reynaldo disse:

    Incrível o tema. Já havia falado nisso no blog de Saúde Bucal de dezembro, e cada vez mais crianças veem ao consultório usando tablets, enquanto isso, num feriado ensolarado como ontem, as quadras do condomínio estavam vazias.
    Grande abraço

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