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As emoções de um dia nada rotineiro
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As emoções de um dia nada rotineiro

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14/09/2012
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Imprevisibilidade é o nome e o sobrenome da maternidade

Mãe e Filho - cuidados e prevenção

Manuela é um doce de menina, delicada ao extremo, mas outro dia surpreendi a menina ao estapear o irmão na cara. Os meus filhos nunca morderam ninguém e nunca foram mordidos, mas, outro dia, peguei o Pedro mordendo o Joaquim, coisa que aconteceu duas vezes no mesmo dia. E o moleque se justificou dizendo que “não era mordida, era um carinho de pizza” (taí um raciocínio difícil de entender e acompanhar!).

Os meus filhos nunca foram de colocar “objetos estranhos” no nariz, nos ouvidos, ou seja, em lugares inapropriados, até ontem! Para resumir, Joaquim brincava com um Lego e uma pecinha muito, muito pequena “foi parar” dentro do nariz dele. Ele não estava sozinho e a coisa toda aconteceu em frações de segundos. Ele estava calmo, apesar de espirrar feito o maior dos alérgicos e dizia com a maior firmeza e segurança que tinha uma pecinha no nariz.

Eu olhava, olhava na luz, com o menino de ponta cabeça, mas não via nada. E ele continuava a dizer que a peça estava lá. Fiz o Joaquim assoar o nariz umas quinhentas vezes e a peça permanecia imóvel, segundo o relato dele.

Na hora, bateu um desespero que me tirou o chão e levou para bem longe a minha capacidade de raciocínio. Daí, tive uma ideia brilhante: levá-lo ao pronto-socorro do hospital mais próximo. Então, me dei conta de que estava na hora da saída da escola nova da Manu, em pleno segundo dia de aula. Como é que eu ia levar um filho ao pronto-socorro para resgatar o Lego e buscar uma filha na escola? Dá para entender que o chão se abriu e o meu cérebro parou de funcionar, não dá?

Por sorte, a minha mãe estava em casa e se ofereceu para ir buscar a Manu. Então, ela me perguntou:

– Como é que eu chego lá, filha? Eles vão me entregar a Manu ou você precisa dar uma autorização?

Eu não conseguia nem explicar o caminho da escola nova e nem achava o telefone da bendita para ligar e autorizar uma avó de buscar a netinha. Enfim, contei até uns 600 mil, consegui achar um telefone daqueles com quatro zeros no final, me passaram de um ramal a outro, até que falei na educação infantil e resolvi.

A situação já estava tensa o suficiente, mas só para mim, aparentemente, já que o Joaquim resolveu fazer cocô antes de sair de casa e praticamente leu todos os jornais da semana no trono de tanto que demorou. Nesse meio tempo, tive outra ideia brilhante: ligar para a pediatra! Foi a segunda grande luz do dia (depois explico qual foi a primeira!).

A fofa me explicou que não adiantava levar no PS. Imaginei que lá eles tirariam um raio X do narizinho perfeito do meu filho, encontrariam o Lego e o retirariam por meio de um procedimento cirúrgico delicado, arriscado e grave (hello, drama!). Ela me mandou ir até um otorrino, pois seria a melhor pessoa para avaliar a situação e me orientar a conduzi-la apropriadamente.

O meu banheiro tem uma iluminação poderosa e planejada, coisa digna de camarim das modelos do SPFW e nunca foi usada de acordo com o projetado, já que eu não sou top model e prefiro manter o look básico das olheiras. Mas eu sabia que aquela frescurada toda seria útil algum dia. A iluminação me ajudou a enxergar uma pecinha muito pequenininha e pretinha devidamente instalada lá em cimão do nariz do meu Joaquim (captaram a primeira grande luz do dia?).

Liguei para a pediatra de novo:

– Achei! Achei! ‘Tô vendo a pecinha no nariz do Joaquim! Vou pegar uma pinça e tirar, ok?

Fui proibida de tocar na pinça, pois ela poderia empurrar o Lego para dentro. A pecinha pararia no pulmão, causaria tosse e vômito. Hello! Procedimento cirúrgico delicado, arriscado e grave! Ou seja, corre para o otorrino.

Correr para o otorrino às 5h da manhã e às 15h da tarde de São Paulo, com ameaça de chuva forte, é uma questão, essa sim, delicada. Mandei o Joaquim interromper a leitura do último caderno do jornal do dia, o arranquei do trono e lá fomos nós. Eu demorei mais de 1 hora para chegar, gente! E só pensava nesse menino que poderia aspirar a pecinha, levá-la para o pulmão e ter uma crise de tosse e vômito no carro, sozinho comigo, no trânsito e na chuva.

Mas, ele entrou no carro e capotou. Dormiu até o otorrino, respirando lindamente, como eu podia bem observar naquela situação de trânsito caótico.

Ao chegar lá, foi relativamente simples. Uma tesourona bem comprida com uma pinça na ponta trouxe de volta a peça do Lego. Voltamos para casa com o brinquedinho cheio de meleca e apenas uma receita de Rinosoro para cuidar do arranhãozinho interno.

E eu só fico pensando que, se ele tivesse escolhido uma peça branca ou de cor mais clara, teria sido possível enxergá-la com mais facilidade, adiantaria todo o processo e permitiria que eu buscasse a Manu na escola nova, no segundo dia de aula.

Foi uma descarga de adrenalina digna de um salto de paraquedas. Eu detesto esportes radicais, desses que te jogam de um avião em queda livre, ou mesmo saltar de uma altura absurda presa apenas por um elástico. Passo tudo isso, obrigada! Prefiro me aventurar na radicalidade da maternidade.

Originalmente postado em: Mamãe tá Ocupada

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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