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Os acidentes com veículos motorizados são uma das principais causas de morte entre crianças e adolescentes. A violência no trânsito é a maior causa de morte de jovens no mundo. No Brasil, ela é responsável pela morte de mais de 4 mil pessoas todos os anos. O estudo “Políticas de álcool e acidentes relacionados fatais entre os jovens nos EUA “, publicado em março de 2017 na Pediatrics, descobriu que as políticas estatais foram ferramentas eficazes na redução da mortalidade.
Os pesquisadores analisaram 84756 mortes de veículos motorizados de jovens com menos de 21 anos nos Estados Unidos, entre 2000 e 2013. Encontraram 23.757 (28,0%) foram mortos em acidentes onde o motorista tinha um nível de álcool acima do limite legal e metade morreram. Os pesquisadores descobriram que os estados com políticas de álcool mais forte tiveram menos mortes.
Este é o primeiro estudo a ter um olhar abrangente sobre o impacto total de políticas e leis relevantes em diferentes estados, e sugere que as leis mais fortes são eficazes na redução de mortes. As leis de tolerância zero, que proíbem a condução após qualquer quantidade de bebida para pessoas com 20 anos de idade ou menos, têm sido associadas a uma diminuição da morte em acidentes com veículos motorizados em aproximadamente 20%. A investigação também sugere que a limitação da condução noturna e os passageiros para os jovens condutores também podem ser instrumentos eficazes para reduzir a mortalidade em acidentes com veículos motorizados. Ainda assim, os autores do estudo descobriram que quase metade de todos os jovens que morreram eram passageiros e, em muitos casos, foram conduzidos por um adulto.
Em São Paulo, a implementação da “Lei Seca” (nº 11.705/2008), em 2008, foi uma tentativa de diminuir os acidentes de trânsito motivados pela direção sob efeito de álcool. Um levantamento do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) mostra que, entre o período de 2001 e 2010, em uma comparação entre os números de mortes por acidente de trânsito antes e depois da implementação da lei, a ocorrência de óbitos no estado de São Paulo diminuiu em 16%.
A lei determina que a ocorrência de concentração de álcool no sangue maior que 0,05 miligramas por litro de sangue é considerada uma infração administrativa, sendo passiva de punição de até 12 meses de suspensão da carteira de motorista. Caso a medição resulte em 0,36 miligramas por litro ou mais, o condutor fica sujeito à punição de seis meses a três anos de reclusão penal.
Os autores concluíram que, embora existam fortes evidências de que políticas mais fortes podem reduzir as mortes de veículos motorizados de jovens, é importante não se concentrar apenas em políticas que visam os jovens condutores, mas também aqueles que reduzem o consumo de álcool entre os adultos ou pessoas sob a influência.
Autor: Dr. José Luiz Setúbal
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