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Qual a melhor dieta?
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Qual a melhor dieta?

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27/10/2017
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Esta é uma pergunta que, como pediatra, ouvi muito na minha vida. Os pediatras têm grande poder de influência sobre seus pacientes, mas os bons pediatras devem evitar dar respostas pessoais e, sim, dar respostas cientificamente embasadas.

O livre arbítrio em dieta é bíblico, vem desde quando Eva comeu a fruta da árvore proibida no Jardim do Éden, ela e Adão foram expulsos do Paraíso mas conseguiram talvez a maior bênção do Ser Humano, a sabedoria do bem e do mal.

Religião à parte, já que toda religião pode interferir na nossa dieta, afinal prescreve jejuns, proíbe alimentos, entre outras coisas, vivemos num mundo menos influenciado por ela, mas mais influenciado por modismos, por “verdades indiscutíveis” ou por “notícias falsas” (fake news) que se espalham como dogmas pelas redes sociais.

Além disso, informações advindas do Youtube, Netflix, Googleplay entre outras fontes de sabedorias mágicas ajudam a proliferar não só coisas boas, mas algumas vezes ideias e conceitos errados.

Este é o caso do documentário lançado pela Netflix chamado “What the Health”, que várias pessoas bem-intencionadas e conscientes em relação à saúde vêm recomendando. No filme há afirmações que podem induzir a erros, como dizer que comer um ovo por dia faz tão mal quanto fumar cinco cigarros ou que uma porção diária de carne processada eleva o risco de diabetes em 51%. De onde tiraram estes números?

Há muitos anos escrevo nesse blog e, apesar de não ser vegano, vegetariano ou seguidor de alguma dieta específica, acredito que meu papel e deste blog não é dizer qual é a melhor dieta, mas sim dizer qual o risco que cada dieta pode ter. Isso vale para a dieta sem proteína animal e para a dieta cheia de gorduras trans, por exemplo. Pensando em saúde, um vegano pode ser tão pouco saudável comendo vegetais escolhidos de forma errada quanto um onívoro que praticamente só come hambúrgueres e frango frito.

Num grande estudo publicado recentemente no “Journal of the American College of Cardiology”, conduzido por uma equipe de cientistas de Harvard, a pesquisa examinou, entre mais de 200 mil profissionais da saúde, as relações entre dietas baseadas em plantas de diversas qualidades e o risco de desenvolver doença coronária.

Iniciando este estudo sem doenças crônicas, os participantes foram acompanhados por mais de duas décadas, através de questionários de seu padrão dietético a cada 2 anos. Tendo por base suas respostas, os hábitos dos participantes foram classificados pela equipe como:

1- Dieta geral à base de plantas (enfatizando vegetais sobre alimentos animais, mas sem eliminá-los);

2- Dieta saudável à base de plantas (com ênfase em grãos integrais, frutas e vegetais);

3- Dieta não saudável à base de plantas (com ênfase em alimentos não saudáveis, como grãos refinados).

Qualquer uma das dietas poderia incluir várias quantidades de produtos animais. Alimentos vegetais saudáveis como grãos integrais, frutas, vegetais, nozes e legumes, além de óleos vegetais, café e chá, receberam notas positivas. Comidas de origem vegetal menos saudáveis, como sucos, bebidas adoçadas, grãos refinados, frituras e doces, bem como alimentos de origem animal, receberam pontuação negativa.

Os pesquisadores, liderados por Ambika Satija, concluíram que, de maneira geral, dietas à base de vegetais estão associadas a um menor risco de doenças do coração. Mas nem todas. Uma dieta com ênfase em alimentos menos saudáveis, como bebidas açucaradas, grãos refinados, batatas e doces têm o efeito contrário.

O resultado deste estudo de Harvard foi praticamente idêntico a um estudo europeu de 11 anos que constatou um risco 32% menor de doença coronariana entre os vegetarianos do que entre não vegetarianos – embora nenhum tipo de classificação baseada na saúde tenha sido dado à qualidade das dietas vegetarianas dos participantes.

Não é preciso se tornar exclusivamente vegetariano para proteger sua saúde cardíaca. Reduzir a dependência de alimentos animais e principalmente evitar os ricos em gordura já ajuda. Na verdade, qualquer dieta que enfatize alimentos animais e vegetais saudáveis estava ligada a um risco coronariano levemente mais elevado do que no caso de uma dieta saudável inteiramente à base de plantas. Abusar de alimentos menos saudáveis, como carnes processadas e vermelha, aumentou de forma significativa o risco de desenvolver doença cardíaca. Este estudo corrobora com o documento Diretrizes Dietéticas para os Americanos, onde se orienta que as pessoas consumam grandes quantidades de alimentos vegetais de alta qualidade.

Ainda de acordo com eles, a dieta recomendada “também seria sustentável em termos ambientais”, pois sistemas alimentares à base de plantas requerem menos recursos do que os animais. Quem agrega frutos do mar à dieta, além de ácidos graxos ômega-3, recebe proteína de alta qualidade de peixes e mariscos.

Sempre é bom lembrar que quem escolhe uma dieta vegana estrita enfrenta um desafio maior porque o aminoácido vegetal não é suficiente, e deve ser equilibrada pelo consumo de fontes complementares, como feijões e grãos. Os veganos também devem suplementar a dieta com vitamina B12.

Para uma alimentação saudável:

  • Ter plantas como base da dieta (combinações de feijões e grãos);
  • Complementar com proteína animal com pouca gordura;
  • Consumir frutas, nozes e legumes;
  • Não consumir bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos industrializados);
  • Evitar comer muitos grãos refinados, como arroz;
  • Evitar comer muita farinha refinada como: pão, biscoitos, batatinhas, frituras e doces.

Saiba mais:

Autor: Dr. José Luiz Setúbal

Fonte: American College of Cardiology; July 17, 2017

“Not all plant-based diets are created equal”

Plant-based diets with high intake of sweets, refined grains may increase heart disease risk

As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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