Educação continuada produz excelência e segurança
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Educação continuada produz excelência e segurança

No Sabará Hospital Infantil e no Instituto Pensi, simulação, debriefing e recertificação aproximam protocolo e prática, fortalecendo rotinas confiáveis no cuidado pediátrico.

“A cultura de qualidade começou a ganhar força com o livro Errar é humano”, explica a dra. Heloisa Ionemoto, gerente médica da Educação Continuada do Instituto Pensi. “Antigamente, os erros na área de saúde eram minimizados e não apareciam. A partir desse marco, passamos a medir os erros e os riscos e percebemos que a maioria era evitável. Foi uma mudança de mentalidade fundamental.”

A ideia de que, nos hospitais, a segurança nasce do sistema — e não da caça a eventuais culpados — consolidou-se a partir da difusão e discussão proposta no livro To Err Is Human: Building a Safer Health System (Institute of Medicine, National Academies Press, 2000, 287 páginas). A mensagem, direta, é aprender com eventos, treinar o que importa e transformar lições em rotina. No Sabará/Pensi, essa agenda tornou-se método, e a educação continuada deixou de ser evento e passou a organizar a prática diária.

No início de 2025, a Fundação José Luiz Setúbal promoveu um aperfeiçoamento estratégico em sua estrutura organizacional, estabelecendo maior clareza na atuação de cada área. Conforme explica a Dra. Heloisa Ionemoto, gerente médica da Educação Continuada do Instituto Pensi, o processo representou um amadurecimento institucional: "Segmentou de uma forma mais clara, talvez, o papel de cada área, de cada setor". O realinhamento, conduzido pelo Dr. José Luiz Setúbal, definiu quatro pilares de atuação com atribuições específicas: Assistência, Pesquisa, Social e Ensino/Educação. Essa reorganização permitiu que cada frente se dedicasse com maior profundidade à sua especialidade, otimizando processos e fortalecendo os resultados institucionais.

dra. helo.pngDra. Heloisa Ionemoto, gerente médica da Educação Continuada do Instituto Pensi

Uma grande inovação decorrente dessa reestruturação se deu na área de Ensino e Educação Continuada, agora sob a direção da Dra. Ana Luiza Navas, com a participação da gerente de Ensino Andrea Kurashima. Anteriormente voltada exclusivamente ao público interno, com cursos e treinamentos destinados ao corpo clínico do hospital, a área ampliou significativamente seu escopo de atuação. Com o novo modelo, passou a atender também demandas externas, desenvolvendo materiais e treinamentos personalizados para diversas organizações, desde escolas até instituições não relacionadas à saúde que necessitem de orientação especializada. Essa expansão representa um passo fundamental na disseminação do conhecimento gerado pela fundação, ampliando seu impacto na formação de profissionais e no fortalecimento da educação para a excelência. Sobre as perspectivas dessa nova fase, a dra. Heloisa é enfática: "Agora a gente só tende a crescer nesses pontos focais".

A educação parte do risco pediátrico. Situações críticas podem ser menos frequentes, mas pedem resposta técnica imediata. Cursos e Treinamentos com o Suporte Avançado de Vida, Suporte Básico de Vida e ECMO são obrigatórios e permanentemente oferecidos à equipe assistencial preservando e aperfeiçoando as habilidades técnicas dos profissionais.

“A simulação realística é o nosso campo de treinamento seguro”, detalha a dra. Heloisa. “Mas a verdadeira ‘cereja do bolo’ é o debriefing. É nesse momento que fazemos uma tomada de consciência coletiva sobre os pontos a melhorar. Não adianta só simular; é preciso refletir para não cometer o mesmo erro no caso real.”

A simulação realística encurta a distância entre saber e fazer. Cenários derivam de problemas recorrentes; o debriefing captura lições e as devolve ao processo. O conteúdo é validado e hospedado pelo Pensi; as trilhas separam o que cada unidade necessita: pronto-socorro, UTI e internação treinam exatamente o que executam.

Trilhas específicas para cada realidade

Para garantir que o treinamento seja relevante, o hospital utiliza as trilhas de aprendizagem. “O perfil de um pronto-socorro exige um tipo de treinamento diferente do da UTI ou da unidade de internação”, explica a dra. Heloisa. “Por isso, criamos trilhas específicas para cada área, de acordo com as necessidades que a gestão identifica. É um aprendizado direcionado para a realidade de cada equipe.”

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De 2023 a 2024 houve um aumento de quase 70% no número de participações nos cursos e treinamentos da Educação Continuada, devido à facilitação do acesso e a atuação de mais multiplicadores do conhecimento. Fonte: Instituto Pensi

O modelo 70/20/10 e a multiplicação do conhecimento

Desde 2018, o modelo 70/20/10 dá tração à difusão, com prática orientada no serviço, tutoria entre pares e uma parcela menor de aula expositiva. Multiplicadores levam o conteúdo ao plantão e reduzem variação indesejada entre unidades. Essa lógica também se abre ao público externo, em cursos práticos (por exemplo, ligados à Lei Lucas para primeiros socorros em escolas), que acabam refinando materiais e cenários internos.

Essa preparação contínua é o que garante a coerência que os avaliadores da JCI procuram. Como resume o dr. Francisco Ivanildo Oliveira Júnior, gerente do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e de Qualidade Assistencial do Sabará Hospital Infantil, “todo o processo de avaliação é baseado num método chamado de rastreador, em que os avaliadores procuram seguir o cuidado que está sendo prestado a um paciente desde a entrada até o momento da alta”. É a prova de que o treinamento se reflete diretamente no cuidado à beira do leito.

treinamento ultrassom.pngTreinamento de ultrassom beira leito

A coerência se evidencia quando trilhas, recertificações e simulação sustentam comportamentos previsíveis, a exemplo da dupla checagem em medicação de alto risco, conversas clínicas estruturadas no centro cirúrgico, comunicação de alta com checagem de entendimento da família. O objetivo é que cada contramedida treinada esteja presente no cuidado real.

“A JCI é cada vez mais minuciosa em relação à qualificação”, ressalta a dra. Heloísa. “Não adianta eu dizer que um profissional de saúde é bom. Precisamos ter a comprovação de que ele recebeu o conhecimento, foi treinado e está apto. E essa exigência eleva o padrão de todo o corpo clínico.”

Em síntese: desenhar, treinar e revisar tornou-se rotina. Para entender como esse método é verificado no dia a dia hospitalar, leia também a reportagem Método e segurança na assistência reforçam cultura interna e reconhecimento externo. Ela explica a avaliação externa: visita in loco, método rastreador e verificação de evidências, do papel ao leito. O texto Compromisso com a melhoria contínua mostra indicadores e exemplos diretamente relacionados à avaliação que antecede a concessão do Gold Seal of Approval® e que resultam no reconhecimento internacional renovado com a Acreditação Internacional da JCI ao Sabará Hospital Infantil.

Por Rede Galápagos

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Comunicação PENSI

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#Educação continuada #segurança