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– Mãe! Ô mãe! Manhêêêê!!!!
E eu me seguro toda na raiva que tenho de gente que fica gritando e não desloca dois passos pra conversar.
Fico então quieta, esperando que ele já me conheça o suficiente.
– Mãe! Mãe! Mããããããe!
Continuo o que estou fazendo. Começo até a cantar uma música, como se um mantra fosse.
– Manhêêêêê!
Ignoro. Por fora, mas por dentro tô em ebulição.
Aí escuto, lá na cozinha.
– Roberta, você sabe onde tá a minha mãe?
Fervo.
Como é que ele não escutou quando eu disse que ia até o quarto e já voltava?!?!
Silêncio.
Mentira.
– Mãe! Mãe! Mãe! Mãe!
Vou até o corredor, onde avisto criaturinha toda prosa.
Ele me olha como quem diz “tava o tempo todo aí, velhota?!?”
Eu me seguro. Olho bem nos olhos dele e tenho a confirmação de que sim, ele me conhece.
Encolhe os ombros, respira fundo (sim, respira) e vem na minha direção.
Quando chega bem perto, abaixo em sua altura e pergunto, com voz de anjo o que ele quer.
Ele pensa por dois segundos, se enche de confiança e manda:
– Quem é minha princesa??????
E fecha com sorrisinho que pergunta “colou ou não?”