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Castigo para pensar. Mas não seria melhor pensar para castigar?
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Castigo para pensar. Mas não seria melhor pensar para castigar?

Castigo para pensar. Mas não seria melhor pensar para castigar?

15/04/2015
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Castigar mandando o filho pensar… Será o melhor caminho?

Recentemente li um artigo sobre o castigo para pensar. Já que o verbo é esse, pensemos um pouco, pensar é produtivo, pensar é fundamental. Uma ação tão importante, tão grandiosa! Que digam os grandes pensadores, filósofos, gênios da humanidade. Todas as suas descobertas e produções foram realizadas com muito pensamento. Num pensar, normalmente realizado de forma isolada, positiva, escolhida. Um ato que deveria ser estimulado.

Então deve-se fazer uma relação entre uma ação tão importante e castigo? Pensar é punição? Não deveria ser, ao contrário, um estímulo? Dizer para alguém que está em formação que ele, como punição, será obrigado a ficar um tempo separado dos outros, pensando, é o melhor a ser feito? Quantas perguntas! Isso é pensar!

Vamos lá. Coloca-se a criança para pensar sobre o que fez de errado. Pensemos (o verbo, de novo): será que ela vai fazê-lo? Uma criança pequena não tem ainda capacidade de fazer essa relação. Ficará no canto, isolada, mas não fazendo a ligação entre o que fez e o que tem que refletir. As mais velhas ficarão quietas, se arrependerão do que fizeram, não porque pensaram a respeito, mas sim porque querem sair logo do “exílio”. Lembrando que uma criança só passa, realmente, a conjecturar sobre seus atos a partir de 6 anos.

Castigo, ou reprimenda é fundamental, sem dúvida. Na nossa sociedade somos punidos se violarmos as leis. Na escola há regras, e suas violações levam a penalidades. Há condutas, há o certo e o errado. E isso deve e tem que ser ensinado aos filhos. Mas é importante fazer a distinção: castigo pune, castigo não educa. Isso não deve ser confundido. Educar é muito além. Educar é ensinar, conversar, dar exemplo, estar perto, orientar, ensinar o que é certo e o que é errado. Deixar simplesmente a criança em um canto para pensar não ensina. E punir fazendo a criança pensar? Os pais não estariam, no fundo, mandando a mensagem de que pensar, então, é algo ruim?

Pensando sob outro prisma, colocar o filho em isolamento não estaria fazendo-o se sentir menos querido? Alguém cujos pais não querem estar perto? Além de desamparado num momento sensível, em que ele talvez tenha percebido que fez algo errado, que tenha realmente feito uma coisa do qual se arrepende? Pode estar com remorso, triste pelo que fez e terá também que arcar com esse abandono, quando muitas vezes o que quer é que alguém lhe console. Sem contar que há pais que esquecem o filho no castigo e só se dão conta quando o tempo que passou é muito superior ao necessário. Por outro lado, o “cantinho do pensar” se utilizado com freqüência acaba por ser banalizado. Ele será apenas um espaço em que a criança se sentirá isolada por um período, sentada, olhando para algum lugar. Com o tempo ela acabará se distraindo com isso.

E então? Como agir? Há caminhos e alternativas. Existem opções que servem de exemplo e educam, tendo sempre em mente que conversar é fundamental e deve estar sempre junto do castigo. Simplesmente reprimir não adianta. Claro que levar em conta a idade é fundamental. Não adianta gastar horas explicando a uma criança de 1 ano, ou mesmo de 2 anos o que fez de errado. Não há ainda essa compreensão. Mas pode-se utilizar outros mecanismos, ou opções. Primeiramente, é importante fazer com que a criança perceba que fez algo errado, e isso, novamente, deve ser explicado. Segundo, o castigo deve ter relação com o que fez. Não adianta, por exemplo, deixar a criança sem festa de aniversário porque quebrou algo com o qual não deveria estar brincando. Ela só se sentirá triste e lembrando apenas que tal data não foi comemorada, mas sem recordar o motivo. Nesse caso, seria mais produtivo e educativo privá-la de um brinquedo que goste muito. Dessa forma ela saberá que não se pode estragar aquilo que não é permitido mexer. Se ela não se comporta em determinado lugar, por que não castigá-la proibindo-a de ir aonde gosta de ir? Terceiro, a personalidade da criança deve ser sempre levada em consideração. Há aquelas em que simplesmente o olhar da mãe já a faz perceber que errou, outras que necessitam de uma bronca e pronto e outras que realmente requerem sentir mais o seu erro, com um castigo, por exemplo.

Outro aspecto a ser ressaltado e que muitas vezes acabamos por esquecer é: prometeu, cumpra! Isso serve não só para as “boas promessas”, como comprar um brinquedo novo, mas especialmente para as ameaças do tipo: se não se comportar… Passou um castigo, vá até o fim. Não se esqueça dele, ou fique com pena. Os pequenos percebem e rapidamente saberão que podem fazer o que quiserem, pois não serão punidos. Certa vez, hospedada na casa de uma amiga, seu filho estava atrapalhando muito os adultos que queriam assistir a televisão, mudando de canal, parando o filme… Sua mãe, sabiamente, o proibiu de assistir televisão durante todo o dia seguinte. Ótimo, castigo pertinente. Mas, no outro dia, ele muito esperto, aproveitou que ela estava distraída e perguntou se podia assistir televisão. Ela olhou-o e disse que claro que podia, que pergunta estranha. Minha amiga tinha esquecido do castigo! Conclusão, seu filho aproveitou-se da situação e aprendeu que poderia continuar sendo impertinente quando bem lhe conviesse pois nada lhe aconteceria.

Por fim, é sempre bom lembrar que, criança cuidada é criança segura. Criança que se sente olhada, se sente amparada. Criança que sabe que há um adulto ensinando-a e proibindo-a é criança que se sabe amada.

Baseado em http://www.paisefilhos.com.br/revistas/castigo-para-pensar-nem-pensar

 

 

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Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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