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Estudo aponta que a maioria dos pesquisadores têm dificuldades na identificação da doença nesse público
Nos EUA existe uma política de dividir as coisas pela etnia das pessoas. Isso é muito observado nos trabalhos científicos que publicam resultados separados entre os brancos (origem europeia), afro-americanos (africanos), asiáticos, indígenas (americanos) e latinos que seriam os povos miscigenados da América Latina e não os latinos americanos que também poderiam ser classificados da mesma forma (indígenas, brancos, africanos, etc.).
Um estudo publicado na revista Pediatrics apresentou 267 pediatras da Califórnia que atuam em cuidados primários sobre a identificação de transtorno do espectro do autismo em crianças latinas. Elas são diagnosticadas com a doença com menos frequência em comparação às outras de culturas diferentes. A pesquisa investigou o papel que os pediatras podem desempenhar neste atraso.
Foi constatado que apenas 1 a cada 10 pediatras realizavam os exames recomendados de desenvolvimento em espanhol. Além disso, a maioria deles relatou que a identificação de riscos do espectro do autismo em famílias de língua espanhola era difícil, onde 3 a cada 4 médicos citados tinham barreiras quanto à identificação da doença em latinos, e que há falta de acesso aos especialistas dessa área.
Os autores concluem que a promoção de triagem de linguagem apropriada, distribuição de materiais sobre espectro do autismo culturalmente apropriados para famílias, a melhora da disponibilidade de especialistas, suporte na triagem e encaminhamento de crianças latinas poderiam ajudar a melhorar o diagnóstico de forma que ele acontecesse mais cedo.
Coloquei este artigo, pois do mesmo modo que isso acontece nos EUA, pode ocorrer no Brasil. Testes e exames, muitas vezes adaptados de outros países, podem não ser representativos em regiões com cultura e linguagens diferentes. Quando isso ocorre em diagnósticos de doenças ou transtornos como TDAH, autismo, etc., pode haver influência para sempre na vida do indivíduo. Por isso, precisamos como pediatras, psicólogos e outros profissionais da saúde tomarmos muito cuidado.
Por Dr. José Luiz Setúbal
Fonte: Pediatrician Identification of Latino Children at Risk for Autism Spectrum Disorder |Pediatrics