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Em meio às brincadeiras, quem acaba sendo a criança sou eu
Eu sou assim. Me entrego. A tudo.
Sentimentos, tarefas, livros, amores, amizades (nem tanto, mas é a vida), enfim…
Sou caxias. Sou espontânea. Sou dessas.
Então que ser mãe deveria ser coisa simples pra um ser com essas características, certo?
Péééééé… Errado.
Tá certo que pra quem já é acostumado. Viver a maternidade pode ser um estágio mais avançado de se entregar.
Ok, a vida é feita de desafios, degraus e fases.
Mas, acontece que a pessoa aqui se joga em tudo. E eu percebi mais isso sábado, no parquinho.
Mães da geral estavam calçadas, batendo a areia da roupa assim que um grão mais ousado resolvesse por ali encostar.
Esta que vos tecla estava tão mergulhada na lama que provocava olharezinhos bobos e questionadores.
E mergulhada feliz, assim como um porquinho.
Ontem Isaac ganhou revistinha que ensinava a fazer ovo de dinossauro em papel machê.
Óóóó… Atividade com a cria?
Bem que ele quis, mas quem acabou enfiada no pote de água com farinha e papel picado?
Eu, né bem?
Que não arredei o pé do grude todo enquanto a bendita bexiga não estivesse completamente empapelada, colada e grudada.
E ai de quem mexer na minha obra de arte, a qual pretendo pintar, cortar e finalizar bonitinho ainda hoje.
Coisas simples da vida em que a gente vai se percebendo.
E percebendo o filho.
E meu filho é daqueles nojentinhos, sabe?
Que detesta areia na sandália, folha seca grudada na bunda, pretinho sob as unhas.
Isaac odeia qualquer coisa mais viscosa lhe pegando. E incluo na categoria colas, tintas, massinhas e afins.
Logo, o arrepio que lhe causa a lama fica intensificado cada vez que ele vê a própria mãe de barro até a tampa.
Logo, ele largou o projeto do ovo de dinossauro assim que percebeu qual era a base do trabalho.
Logo, tinta sem pincel e sem um rolo inteiro de papel toalha do lado é impossível lá em casa.
E eu já aprendi que ele é assim.
Acho uma judiação, é fato, já que é uma delícia essas atividades melequentas.
Mas ele já aprendeu também.
Que tem a mãe louca, desapegada do fator sujeira e fã de Omo.
E o melhor dessa história?
(E sei que Freud explica que tem muita gente que vai me julgar e ter dó do meu filho…).
É que ele se diverte por minha causa. Dos meus atos. Do meu jeito.
E ri bobo, de cantinho de boca, sabe? Cada vez que sentamos num parque, resolvemos “fazer trabalhinho” ou nos arriscar na cozinha.