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Mais um ano letivo se inicia. Meu Deus.
E eu não vi o tempo passar. Mentira.
Não vou cair no meu próprio blablabla.
Eu vi o tempo passar sim.
Passar rápido demais. E reclamei disso várias vezes.
Horas xinguei a lentidão das horas, mas não com Isaac.
Com ele o tempo é sempre amigo. Devagar ou à jato.
Porque Isaac é a cor dos meus dias.
É minha preocupação e prioridade.
A felicidade em carninha e ossinho.
Alí, dormindo no quarto ao lado, já em cama grande, já quase sem grade, já acordando e decidindo sozinho em que canto da casa quer se encostar até a preguiça passar.
Alí, brincando no seu canto, fazendo vozes e criando mundos.
Alí, se desenvolvendo entre a família, a escola, os amigos. Em manias.
Escolhendo entre brócolis, pão na chapa, peixe cru, suco de uva, alface e kinder ovo.
Ouvindo jazz e cantando alto junto com Ella.
Bem alí, mostrando as canelas, trocando tênis, reclamando das blusas justas.
Isaac cresce. Cresce no tempo que deve ser.
E se eu respondo às vezes que é rápido, faço por bobeira, influenciada pela saudade que tenho do tempo em que ele ainda era um anexo meu.
Na barriga e na vida. Mas mãe é egoísta e não é ao mesmo tempo.
Isaac não cabe mais no meu colo.
Muito menos na minha coluna.
E tão pouco na bolha de amor que um dia eu tentei criar pra ele.
Ele ganha o mundo.
Ganha as palavras.
Tanto que usa “aliás” e “porém” como se tivesse nascido com elas.
Green, yellow, black sheep, good bye, see you também.
Reconhece letras, lugares, caminhos, sentimentos e erros.
Pessoas tem nome, sobrenome e grau de importância.
Isaac é. Existe.
Sabe disso e vive.
E eu sei que sem ele, vida não haveria como deve ser.