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Veja as aventuras de uma mamãe em tempo integral
Nota 1: T.O.C. = Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Nota 2: este post contém humor.
Nota 3: o encaminhamento ao psiquiatra não se faz necessário.
A verdade é que essa história de mãe período integral traz certos resultados e consequências para os meus filhos.
Começando pela Manu, que, às vezes, mais parece uma versão caricata minha, uma mãe exagerada, tipo uma drag queen. Ela passa o dia com um caderninho e um lápis na mão fazendo listas de supermercado e supervisionando tudo o que falta em casa. Também fica enfiada na cozinha e ajuda a elaborar o cardápio da semana, coisa que só a Manu faz aqui em casa, já que eu desisti desse assunto na primeira semana de casada.
Elogia a faxineira pela casa cheirosa e limpinha, mas pega no pé se percebe que algo não está devidamente limpo (!!!). No final do ano passado, na minha maior crise de debandada das funcionárias domésticas, passamos o fim de ano na fazenda. Manu entrou na cozinha e tratou de contratar a cozinheira de lá! Uma maravilha que trabalha para a avó do meu marido há 25 anos. Desfiz o negócio imediatamente e prefiro comprar congelado a essa briga em família. Mas, como todas as mulheres têm lá as suas crises e, outro dia, disse que seria uma advogada e mãe, mas que trabalharia à noite. Perguntei com quem ela deixaria os filhos e a menina me respondeu:
– Ué, com a babá!
Exclamei, já com certa pena dos meus netos:
– Tadinhos! Só com a babá?
E ela solucionou a questão sem sombra de dúvida ou culpa:
– Não, com a babá E com a cozinheira.
Ah, tá.
O Joaquim, por sua vez, é um menininho muito filho meu, que sofro de TOC. A minha vida é extremamente regrada, disciplinada e organizada. Tenho ritual para acordar, dormir, almoçar, jantar, tomar banho, faço sempre os mesmos caminhos, ou seja, tudo bem controladinho. Se algo ou alguém me tira da rotina sem aviso ou planejamento prévio, pode dar tilt de verdade. Joaquinzinho é como a mamãe. Não suporta portas, armários e gavetas abertos ou mal fechados, já conhece a ordem das coisas em casa e, quando encontra algo guardado ou arrumado da maneira “errada” não sossega enquanto não “consertar”. Duro mesmo é quando a minha ordem é uma e a dele é outra, imaginem um duelo de titãs obsessivos? Loucura, loucura, a gente vê por aqui.
Parte da rotina das crianças inclui jantar, fazer xixi, lavar as mãos e escovar os dentes. Todos os dias e mais ou menos no mesmo horário (eu tenho TOC, mas sou capaz de adaptar horários em finais de semana, férias e feriados, viu?!). O outro dia o menino Joaquim terminou de jantar e foi correndo dar continuidade à rotina, mas encontrou o Pedro na privada, então resolvi escovar os dentes dele ANTES do xixi (lembram do que eu disse um pouquinho mais pra cima? Isso aqui ó: “Se algo ou alguém me tira da rotina sem aviso ou planejamento prévio, pode dar tilt de verdade”). Pois deu tilt no menino! Ele escovou os dentes ANTES, fez xixi DEPOIS e daí foi lá e ESCOVOU OS DENTES DE NOVO!!! Claro, né?! Para voltar ao controle da rotina. TOC é assim mesmo.
Já o Pedro, apesar de gêmeo, não tem nem um minuto de diferença do Joaquim, mas me traz a sensação do filho caçula, aquele de quem a mãe é mais tranquilona, experiente e sossegada. Outro dia, mais frio, durante a rotina do banho, tirei o menino do chuveiro, enxuguei e vesti com uma roupinha mais quentinha. Sabe aquele moletom velhinho, bem macio e delícia para dormir? Pois foi esse mesmo! Enquanto eu penteava os cabelinhos do rapaz, ele me abraçou, me deu um beijinho e disse:
– Que gostosa essa roupinha quentinha, Mamãe!
Mãe período integral: das consequências, sequelas e resultados.
Originalmente postado em: Mamãe tá Ocupada