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Eis uma receita memorável com um gostinho de muitas saudades
Vai parecer piada, mas mal voltei para dar a notícia de que estou grávida e já venho aqui dizer que terei que dar uma sumidinha de novo. O motivo não poderia ser outro: é possível que, ao lerem estas linhas, o pequeno David já esteja nos meus braços. E como quem tem filhos pequenos sabe que é uma loucura no começo, vou tirar uma curta licença até que tudo esteja mais ajeitado para que eu possa voltar à cozinha com calma. Mas não devo demorar muito. Quando menos esperarem, estarei de volta na blogosfera!
Até lá, dessa vez para outubro resolvi inovar deixando (só um pouquinho) de lado o Dia das Crianças e pular para o Halloween, feriado que me traz lembranças muito boas, apesar de nada terem a ver com infância – não com a minha, pelo menos.
Anos atrás, eu tive que fazer uma cirurgia ortopédica delicada por conta de uma condição genética rara, e minha médica daqui (tia Patrícia, pessoa tão especial e querida, que me cuida desde criança – e de tantas outras crianças aí no Hospital Infantil Sabará também), me mandou para um amigo dela em Baltimore, especialista em casos como o meu. Lá, eu morei por uns meses em uma casa de apoio criada pelo próprio médico em questão, onde conheci pessoas e fiz amigos que até hoje são uma parte muito importante na minha vida.
E, sempre que chega essa época, eu me lembro não da dor insuportável e das noites mal dormidas, ou do fato de ter passado o aniversário do primeiro ano de casamento numa cadeira de rodas com um bebê pequenininho que não entendia nada do que estava acontecendo e um marido exausto que tinha que estar lá numa situação quase impossível… Me lembro das pessoas rindo e se divertindo nas duas festas de Halloween que a gente fez na casa, do Tomás se divertindo com um monte de mini-abóboras que fizeram pra ele, das manhãs que eu acordava bem e ia fazer panquecas na cozinha comunitária e distribuía pra quem estava lá na sala de TV. Me lembro do senso de cooperação da Hackeman-Patz, da força monumental das crianças (a casa era da unidade de pediatria/ortopedia avançada) que estavam comigo, e das mães e famílias que os acompanhavam. Me lembro com saudades e não com pesar para uma época difícil e dolorosa.
Reencontrei meus tão queridos amigos há pouquíssimo tempo, todos fora da cadeira de rodas, e tinha que comemorar essa época tentando reproduzir a magnífica panqueca de abóbora que fiz lá com uma mistura mágica da Williams-Sonoma. Pra ser sincera, minha versão não está tão boa quanto à original, mas um dia eu ainda chego lá.
Mães (e pais) que estão com um filho com a perspectiva de passar o Dia das Crianças no Hospital, eu dedico essa receita a vocês.
Panquecas de Abóbora
Rende um monte
Ingredientes:
– ½ purê de abóbora
– 1 xícara de leite
– 1 ovo
– 1 xícara de farinha de trigo
– ¼ xícara de açúcar demerara
– 2 colheres (chá) de fermento em pó
– ½ colher (chá) de canela em pó
– ½ colher (chá) de gengibre em pó
– ½ colher (chá) de sal
– pitada de noz moscada
– pitada de cravo em pó
Modo de preparo:
Coloque todos os ingredientes num liquidificador e bata tudo até que esteja homogêneo. Alternativamente, coloque tudo em um recipiente e mexa com uma espátula vigorosamente até que a mistura esteja homogênea.
Esquente uma chapa ou frigideira e pincele com óleo. Quando estiver bem quente, despeje um pouco de massa e espere crescer e borbulhar, até que as bordas estejam firmes. Vire e cozinhe a panqueca até que esteja pronta.
Lá em Baltimore, eu gostava dela com xarope de bordo, mas aqui é difícil de achar um realmente bom com preço acessível. Então, sirva sem nada, com manteiga, mel ou mesmo com a calda de caramelo do mês passado. Sua imaginação é o limite.