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Questionamentos fazem parte da infância e nem sempre dá para driblá-los
Tá que criança é cheia de detalhezinhos que muitas vezes deixam a gente de cabelo em pé.
Ok! A criança se desenvolve rápido pacas e temos que rebolar pra acompanhar.
Sei, sei que os pequenos entendem o mundo e a vida de maneira completamente diferente e, quando perguntam, devemos responder de maneira ideal pra idade em questão.
Isaac está na fase dos porquês.
Mais de perguntar a ouvir a resposta.
Mas, vá lá que ficar encurralada entre tantas interrogações já é coisa insana.
Acontece, faz parte e simbora.
Outro dia, amiga querida deu uma dica que achei vital.
Quando a série de porquês demonstrasse ser infinita, a arma secreta seria usar o “por que o quê?”.
Simples, pensei.
Ilusão da minha parte.
Depois que minhas respostas estão esgotadas e a paciência dá sinais de pedido de demissão, eu mando:
– Por que o quê, Isaac?
Sabem o que ele faz? E eu não tentei uma vez só…
Ele repete exatamente, com pausas e pontos, a última pergunta que fez.
Com contexto e explicação, caso eu solicite.
Mole?
Nããão.
Mas a coisa não para por aí.
Filhote agora está empenhado em descobrir, entender e utilizar os conceitos de ontem/hoje e noite/dia.
E esse último tem sido uma loucura, motivo de choradeira, arrepio e desespero.
Aí vocês me perguntam: POR QUÊ?
E eu não me irrito…
Sério, prometo.
Porque, minha gente, a cria resolveu que não quer mais saber da lua.
Quando ele vê que está escurecendo, arma um bico e começa:
– Está de noite?
– Está, filho.
– Mas eu não quero. Quero o sol!
– Entendo, filho. Mas o sol tem que ir fazer o dia láááá do outro lado do mundo e você precisa descansar.
– Eu não quero descansar.
– Se você não descansar, não vai conseguir brincar amanhã.
– Por quê?
– Porque o nosso corpo precisa de um tempo pras pilhas ficarem novas de novo.
– Por quê?
– Você lembra quando acabou a pilha do seu teclado e ele parou de funcionar? Com a gente é parecido.
– Por quê?
– Nós precisamos desse tempinho dormindo.
– Por quê?
– Para ter vontade de acordar de manhã e ter um dia cheio de atividades e brincadeiras.
– Por quê?
– Não ia ser muito chato ficar cansado o dia todo?
– Por quê?
– Você não ia nem querer ir ao bosque ou ao shopping ou a escola.
– Por quê?
– Não ia ter vontade de taaaaanto sono.
– Por quê?
– Por que o quê, Isaac?
– Por que eu ia ficar com taaaanto sono e sem vontade de brincar???
E a conversa continua…
Tá, mas tirando o desespero materno depois de tooooooodo o interrogatório, o problema é quando Isaac percebe que, mesmo ele não querendo que a noite exista, ela vai ficar lá até de manhã.
E ele chora. Sentido. Triste.
Chora, chora e chora.
E pede pra olhar na janela e ver se o sol já nasceu.
E chora.
E não há explicação que ajude.
Alguma sugestão, hein? Hein? Hein????
Originalmente postado em: Viajando na Maternidade