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Enfim.
Depois de 2 meses no esquema pega na escola-leva pra casa-almoça-leva pra natação-psicóloga-inglês-mercado-padaria-quitanda-amigos-trabalho, eu deitei a cabeça no travesseiro e fiz o drama que me cabe:
Why me, Lord?!?!?!
Fiquei um tempo deitada olhando pro teto, tentando me lembrar de algum detalhe bacana do meu meio período com Isaac.
E nada.
Não lembrei. E também não vivi.
E quase me matei afogada com o travesseiro.
Fiquei com raiva.
Como assim?
O dia agora é feito de compromissos e obrigações e a gente quase nem brinca mais.
Não tem mais aqueles longos papos. Não veste fantasia e rola no chão.
Nada.
A gente não anda mais pelo condomínio, a gente não para no Bosque pra se encher de areia, a gente não vai andar no shopping só pra ir conferir os cartazes novos do cinema.
Nada.
E ontem, quando ele pediu pra fazer o cineminha do final do dia eu dormi. Capotei na metade do filme.
E o pequeno só me acordou avisando que o filme tinha acabado e perguntou se já era hora de ir pra cama.
E que ódio que me deu.
Dos grandes.
Ódio de mim, dessa vida corrida.
Desse tempo que corre.
E como é que foi que as coisas ficaram desse jeito?
Matematicamente simples.
Enfie tudo o que der e o que não der em 24 horas.
Pronto.
Excedi o limite.
De tudo.
E deu que agora levo uma vida milimetricamente regida pelos segundos que me cabem.
E eu não quero viver assim.
Não quero e pronto.