A etiologia ou o que causa o transtorno do espectro do autismo (TEA) é pouco compreendida, mas muito investigada. A poluição do ar é uma das causas estuda e os estudos anteriores sugerem associações com poluentes transportados pelo ar e TEA. A etiopatogenia (causa) é presumivelmente multifatorial, resultante de uma interação muito complexa entre fatores genéticos e ambientais. O aumento drástico na prevalência de TEA observado nas últimas décadas levou à maior ênfase no papel dos fatores ambientais na etiopatogenia.
Com o objetivo de avaliar a associação entre exposições pré-natais a poluentes atmosféricos e TEA em uma grande coorte populacional, os pesquisadores deste trabalho incluíram os participantes da coorte de base populacional englobou quase todos os nascimentos em Metro Vancouver, British Columbia, Canadá, de 2004 a 2009, com acompanhamento até 2014. As crianças foram diagnosticadas com TEA usando uma avaliação padronizada com a Entrevista de Diagnóstico de Autismo -Revisada e cronograma de observação de diagnóstico de autismo.
Exposição média mensal ao material particulado com diâmetro menor que 2,5 µm, óxido nítrico (NO) e dióxido de nitrogênio (NO2) na residência materna durante a gestação foram estimadas com ajustes temporais, através de modelos de regressão de uso da terra de alta resolução. A associação entre exposições pré-natais à poluição do ar e a chance de desenvolver TEA foi avaliada por meio de regressão logística ajustada para várias hipóteses.
As concentrações mensais médias de PM2.5, NO e NO2 na residência materna durante a gestação, calculadas retrospectivamente usando modelos de regressão de uso da terra de alta resolução ajustados temporalmente. Principais resultados e medidas Diagnósticos do transtorno do espectro do autismo baseados na avaliação padronizada da entrevista de diagnóstico do autismo revisada e do cronograma de observação diagnóstica do autismo. A hipótese testada foi formulada durante a coleta de dados.
Resultados mostraram que 1307 crianças (1,0%) foram diagnosticadas com TEA aos 5 anos de idade. Como conclusões e relevância deste trabalho, em uma coorte de nascimentos de base populacional, detectamos uma associação entre a exposição ao Oxido Nítrico e o TEA, mas não houve associação significativa com o material particulado e o Dióxido de Nitrogênio.
Um dos problemas com estudos deste tipo é que é difícil analisar todos os aspectos da vida de uma pessoa que podem afetar a probabilidade de desenvolver autismo, como o histórico familiar, por exemplo. Isto significa que o estudo não pode afirmar que o autismo é causado por poluição gerada por veículos, apenas que pode haver uma ligação entre as duas coisas.
Futuras pesquisas devem investigar se há uma diferença significativa na prevalência de TEA entre nações com níveis altos e baixos de vários tipos de poluição. Um objetivo muito importante da pesquisa a respeito das interações entre fatores genéticos e ambientais na etiopatogenia do TEA é a identificação de populações vulneráveis, também em virtude da prevenção adequada.
Saiba mais sobre este assunto:
https://exame.abril.com.br/ciencia/estudo-de-harvard-relaciona-poluicao-a-risco-de-autismo-2/
Autor: Dr. José Luiz Setúbal
Fonte: JAMA Pediatrics. Vol: 173 Nro: 1 Págs: 86 – 92 Data: 01/01/2019
Association of Prenatal Exposure to Air Pollution With Autism Spectrum Disorder
Lief Pagalan, MSc; Celeste Bickford, BSc; Whitney Weikum, PhD; et al
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