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Febre e ciúmes no dia do aniversário dos filhos deixam qualquer mãe de cabelos em pé
Eu era dessas que ficava doente antes dos meus aniversários. Tão logo acabasse o meu grande dia, lá se ia a minha febre. É a popularmente chamada “febre emocional”, uma reação totalmente psicossomática em crianças, aqueles corpinhos já “falando” tanto. Quais seriam as preocupações emocionais pré-aniversário de uma criança? Será que os meus amigos queridos virão a minha festa? Será que eles vão gostar e se divertir? Será que o bolo vai ser bom? Será que eu vou ganhar os presentes que eu tanto quero? Será que eu vou crescer imensamente da noite para o dia? Será que todos os meus dentes vão cair? Será que eu já vou virar adulto? Será? Será? Será? Quais são as fantasias de uma criança nessa virada de uma idade para a outra?
Já mais mocinha, perto dos 12 anos, eu acho, não ficava mais doente, mas tinha frio na barriga e muita ansiedade antes dos meus aniversários, mais especificamente, antes das festinhas. Era a expectativa da presença das amigas e do menino que eu gostava, por exemplo. E do bailinho, é claro! Eu detestava com todas as minhas forças! Começava a música lenta e eu queria sumir do mapa! Era um misto de vergonha de dançar meio abraçadinha com alguém e também pelo medo da rejeição, de permanecer sentada em algum banco durante a música inteira, que devia ser a interminável “Stairway To Heaven”. Eu era sempre a engraçadinha que preferia dançar com a vassoura e não entregá-la a ninguém.
Mas, isso foi bem mais pra frente. O que eu vivo agora é difícil de descobrir e nomear.
O meu filho Pedro, na noite que antecedia o dia do seu aniversário de 4 anos, apareceu com uma febre na casa dos 38,5. Só febre, nenhum outro sintoma. Tava disposto, brincando, comendo e dormindo como sempre. Passou o seu grande dia com febre e, no dia seguinte, tava zerado. Ele já tinha dado uma dica de que fazer 4 anos não era tão fácil assim e foi mais além quando disse ao meu marido:
– Eu não quero fazer aniversário e ficar velhinho, porque eu não quero ser do céu!
(Nessas horas o meu coração fica menor do que uma ervilha, imaginem…)
Já a Manu, apesar de extremamente carinhosa com os irmãos no dia do aniversário deles, reagiu também de maneira absolutamente inesperada. Ela identificou que o dia era deles, eles estavam no maior destaque da vida, os pacotes de papel colorido e cheios de laços, quando abertos, eram todos “masculinos” ou super-heroicos, o telefone tocava sempre em busca do Joaquim e do Pedro, mas ela foi lá e comeu um docinho. Nada de novo ou diferente. No entanto, o doce fez com que ela vomitasse na sala! Correu para o quarto, colocou um pijama e se recolheu em sua caminha, no melhor estilo dramático-deprê “ninguém me ama”. No dia seguinte, custou para sair da cama e ficou agarrada um tempão com um mísero brinquedinho que o avô lhe deu por puro agrado no dia do aniversário dos irmãos.
O Joaquim tá bonzão, de bem com a vida e feliz, brincando sem parar com os presentes que ganhou.
E eu, sei lá, já passou, eu sei, mas o futuro me preocupa, as expectativas, as próximas reações emocionais dos meus filhos… Podia ser mais fácil ser mãe, pelo menos nos aniversários, não??
Originalmente postado em: Mamãe tá Ocupada