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Pois bem,
Isaac é roedor de unhas assumido.
E já fica bravo quando a gente chama a atenção ou fala dos malefícios de tal vício.
Aí que ontem, ao vê-lo roendo, cutucando, puxando, eu tive mais uma vez conversinha básica sobre bactérias, doencinhas e afins.
Ele me olhou bem nos olhos, suspirou e mandou:
– Tá.
E pegou nas minhas mãos feias, secas, com resto do esmalte vermelho de moral duvidosa e cheias de cutículas de uma semana sem manicure e ânimo.
– Eu paro se você também parar.
Eu, toda horrorizada com poder de oratória do menininho que alí estava, todo cheio de confiança, coloco indignação pra fora:
– Como assim, meu filho?! Paro com o quê?
Ele segurou meus dedos mais firme e continuou:
– Olha isso! Você também está acabando com a sua mão!
– Eu?
– Olha aqui na unha!
– Mas minhas unhas estão bem compridas, Isaac! Não estão roídas!
– E esse vermelhinho aqui? Isso é bactéria!
Esfreguei uma unha na outra e tirei um pouco do esmalte pra ele ver o que era.
Ele sorriu bem canalhinha, olhou pra mim e acabou:
– E o que você fez agora? Não cutucou o canto?
Eu fiquei alí, com cara de rato que cai na armadilha.
– Então é assim. Se você parar eu paro.