PESQUISAR
Quando você acha que ele vai lhe contar alguma coisa, o mistério sai como vencedor
Então que já tivemos uma primeira reunião na escolinha do Isaac.
E reunião de escola pode ser aquela coisa gracinha onde instituição de ensino e pais interagem, onde você conhece e reencontra pais de coleguinhas oooouuuuu pode ser um verdadeiro desastre.
Quem não entendeu… Podexá que eu explico.
Acontece, caros amigos, que reunião de escola é sinônimo de maior concentração de corujas e babões por metro quadrado.
Logo, é um tal de propaganda do próprio filho, comparações infelizes, exposições desnecessárias.
E é nesse cenário todo que o ser humano se revela. Principalmente o ser humano louco, descontrolado e maldoso, chamado mãe.
E então que, sentada do meu lado e após reparar nas minhas caras de interrogação, a Dona Mamãe ao lado solta:
– Você não estava sabendo?
– Ã ã.
– Eu sabia de tudo, porque a fulaninha (tem horas que ouvir um nomezinho no diminutivo é irritante grau master), minha filha (e apontava toda orgulhosa pra criaturinha de lilás correndo descontrolada), me conta TU-DO.
– Aaaaa (sorrisinho amarelo mode on)…
Tá.
Sorrisinho amarelo mode on escondendo o fato de ela ter mexido comigo. Mexeu, reconheço.
Acontece que Isaac não é de contar, lembram????
Aliás, fala coisa nenhuma.
E a gente tenta.
Eu nem pergunto mais, assim, diretamente.
Converso, falo de mim, jogo um verde e nada.
Mas, deixemos a Dona Mamãe e sua filhinha tagarela de lado, porque eu me lembrei de uma outra história….
Outro dia, estávamos voltando pra casa e eu começo a operação “Mamãe quer saber (muito)”:
– E aí, Isaac???? Tudo bem?
– Tudo.
– Nossa!!!! Eu fiz muita coisa hoje, tô até cansada.
– O que você fez, mamãe?
Contei todo o meu dia, brinquei com as novidades e afins.
– Eu também fiz muuuuuitas coisas.
“Eba! Eba! Eba! Ele vai me contar alguma coisa! Eu sinto, eu sinto, posso sentir, Senhor!”
– Aé, filho???
– É, mamits.
Fica o silêncio.
Penso eu se devo ou não perguntar, esticar conversinha.
Mas ele quebra o gelo. É mestre nisso:
– É sim. Mas eu não vou te contar.
– Sério?
– Eu não vou te contar, porque eu fiz muita coisa. E se eu contar tudo a minha voz acaba.