Em outubro de 2017 tive a grata oportunidade de me unir ao grupo de voluntariado do Sabará Hospital Infantil. Após este tempo de vivência neste trabalho maravilhoso de doação, aprendizado e preenchimento do meu ser, afirmo com toda a segurança que estou onde deveria estar.
Sinto-me plena em poder levar às crianças e seus familiares o meu amor através das brincadeiras, do sorriso, das palavras carinhosas, das histórias dos livros, mas principalmente da música, através do canto. Acho a música muito importante para as crianças em todas as faixas etárias e em qualquer situação. Posso dizer que cantar para as crianças tem sido um maravilhoso meio de atuação na UTI, onde se encontram muitos bebês, crianças com grandes limitações para brincar e quartos de isolamento.
Escolhi a UTI pelo forte desejo de levar um pouco de alegria, alento e serenidade em uma realidade mais dura, difícil e repleta de incertezas. Quando iniciei, me sentia mais à vontade e com recursos para me doar nos quartos onde a realidade possibilitava as brincadeiras e as histórias.
Já nos quartos dos bebês muito pequenos e das crianças com sérias limitações, por vezes apenas oferecia para as mães atividades para que pudessem se distrair, como as mandalas, bordados e os jogos interativos. Além, claro, de sempre procurar levar palavras de esperança e conforto em conversas onde estas mães se abriam para receber este carinho.
Só que não estava satisfeita com isto, achava que poderia encontrar uma forma efetiva de trocar afeto com estes bebês e estas crianças, entendendo que nestes casos os brinquedos não seriam o caminho. Então pensei na música, me inspirando no Grupo Saracura, que realiza um trabalho maravilhoso no hospital, com suas lindas vozes acompanhadas por instrumentos musicais. Foi apenas uma inspiração, pois não sei tocar um instrumento, não fiz aula de canto e nem tenho talento para tal, simplesmente deixei o coração cantar. E, na verdade, não é isto que conta?
Já vi bebê com chorinho misturado a gemido dormir tranquilamente embalado em canções e a gratidão da mãe nos olhos junto às palavras. Já vi bebê desanimadinho sorrir durante animadas canções e a felicidade da mãe em um largo sorriso, com música nos lábios, como se fôssemos uma só, mesmo quando eu já não estava mais lá, mas partindo pelo corredor.
Cantar para bebês com pouco tempo de vida, de forma melodiosa, é como um ninar.
Cantar para os bebês maiores animadamente, com direito a palmas, é como uma festa.
Cantar para crianças com sérias limitações é conseguir chegar a um mundo particular e de difícil acesso.
O que eu sinto?
Extrema gratidão!
Obrigada, equipe de voluntários do Sabará, por me oferecer esta oportunidade junto a vocês!
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Atualizado em 9 de dezembro de 2024