Quando pensamos que desgraças na área da saúde só acontecem no Brasil ou em países pobres, lemos esta notícia de um aumento de 400% de casos de sarampo durante 2017 na Europa. Por trás disso está o mito que relaciona a vacina de sarampo e casos de autismo.
O ano de 1998 marcou o início de uma desconfiança internacional sobre vacinas que reverbera até hoje, quase 20 anos depois. Neste ano, o médico Dr. Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa preliminar, publicada na conceituada revista Lancet, descrevendo 12 crianças que desenvolveram comportamentos autistas e inflamação intestinal grave. Essas crianças tinham em comum vestígios do vírus do sarampo no corpo. Wakefield levantou a possibilidade de um “vínculo causal” do autismo com a vacina MMR (tríplice viral – caxumba, rubéola e sarampo), e principalmente ao timerosal, produto usado na fabricação da vacina.
Em 2004, o Instituto de Medicina dos EUA concluiu que não havia provas de que o autismo tivesse relação com o timerosal. A conclusão foi reforçada por análises na Califórnia, onde o timerosal foi tirado da composição das vacinas no início dos anos 2000, no entanto, a prevalência do autismo aumentou localmente em 2007. Quanto a Wakefield, também em 2004 descobriu-se que antes da publicação do artigo na Lancet, em 1998, ele havia feito um pedido de patente para uma vacina contra sarampo que concorreria com a MMR, algo que foi visto como um conflito de interesses. Mas então essa foi uma causa abraçada por celebridades americanas e que depois, arrependidas, desmentiram, mas as redes sociais se encarregaram de divulgar mais esta “Fake News” e o estrago foi feito e continua até hoje.
No ano passado, 15 países da Europa (dos 53 do continente) apresentaram epidemia de sarampo, sendo a Romênia o mais afetado de todos, com 5.562 casos, seguido da Itália, com 5.006, e da Ucrânia, com 4.757. Como se pode imaginar, a imunização nesses países tem encontrado alguns problemas nos últimos anos: seja pela interrupção no fornecimento de vacinas ou baixa de pessoas imunizadas em grupos isolados. Entre os países atingidos pela doença em 2017 estão: Grécia (967), Alemanha (927), Sérvia (702), Tajiquistão (649), França (520), Rússia (408), Bélgica (369), Reino Unido (282), Bulgária (167), Espanha (152), República Checa (146) e Suíça (105). Como resultado, mais de 21 mil casos e 35 mortes, a maioria em crianças que não foram vacinadas sob a alegação do mito do autismo.
A vacina tríplice viral, contra caxumba, rubéola e sarampo, é considerada eficiente no combate do sarampo, como garante uma série de pesquisas científicas e a própria OMS (Organização Mundial da Saúde). A erradicação do sarampo já foi registrada em muitos países do mundo, como o Brasil, por causa da eficiência desta vacina. Contudo, alguns casos de surtos irregulares têm prejudicado a luta contra a doença, segundo mostra a OMS.
De acordo com especialistas, o movimento antivacina é, em parte, responsável pelo problema europeu. Um grupo de pais ainda acredita em uma possível ligação entre a vacina contra o sarampo e o autismo, hipótese que foi descreditada pela comunidade científica, como mencionamos acima. Problema similar ocorre no Brasil atual em relação à vacina contra Febre Amarela.
Em 2017, o Ministério da Saúde no Brasil alertou para a necessidade de reforçar a vacinação tríplice por causa do aumento de casos na Europa.
A primeira dose da vacina, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, deve ser tomada aos 12 meses de idade e um reforço deve ser feito aos 15 meses, com uma dose da vacina tetraviral, que corresponde à segunda dose da vacina tríplice viral mais uma dose da vacina contra a varicela (catapora).
Saiba mais sobre a importância de vacinar e sobre o sarampo:
- AAP incentiva os pais a vacinar as crianças para se proteger contra o sarampo
- Sarampo: precauções para viagens internacionais
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Fonte: http://saude.ig.com.br/2018-02-19/surtos-sarampo-europa-oms.html
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Atualizado em 29 de novembro de 2024