No mês passado, reunimos 200 lideranças entre nossos stakeholders para celebrar o início das comemorações do nosso décimo quinto aniversário e lançar nosso Relatório de Atividades 2024. Sim, a Fundação José Luiz Setúbal completa quinze anos em setembro.
Como sempre conto, no final dos anos 90, uma inquietude bateu no meu coração. Ainda jovem, mas com algum sucesso profissional como pediatra, queria fazer mais pela saúde das crianças brasileiras. Isso não seria possível atuando no meu consultório particular ou em um hospital da medicina suplementar, atividades que fazia à época. Procurei uma série de coisas, mas nada parecia ser o que eu queria. Acabei dando aula de Alfabetização de Jovens e Adultos (EJA) por 5 anos.
Já no início do século XXI, quis o destino que eu deixasse o hospital onde eu trabalhava por mais 25 anos todas as manhãs e fui tirar um ano sabático nesse período, sem ampliar o atendimento do consultório. Na época, eu brincava que estava cuidando da alma. Tinha aula de filosofia, de percepção musical e fui ajudar a minha irmã a montar a Fundação Tide Setúbal. Por essa razão, ela queria atuar com saúde pública, e toda minha atuação após o término da minha formação médica era na medicina suplementar, fui fazer uma pós-graduação na UNIFESP com o Marcos Bosi, em Economia da Saúde.
Também nessa época fui procurado para participar de um projeto de ex-alunos de sucesso da Faculdade da Santa Casa. Esses dois fatos acabaram mudando toda a minha trajetória profissional. Nos anos seguintes, fui gradualmente me dedicando cada vez mais à filantropia e menos à pediatria assistencial, fui atuando mais na gestão e na governança, e acabei sendo o provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o maior hospital filantrópico da América latina, em sua maior crise econômico-financeira e ética-moral, mas isso é uma outra história.
Em 2004, apareceu a oportunidade de adquirir o Pronto-socorro Infantil Sabará, um pequeno hospital de 40 leitos com um grande pronto atendimento pediátrico, com muito renome em seus 50 anos de existência pela excelência de seus fundadores – nove professores muito importantes na história da pediatria brasileira. Um hospital em franca decadência por falta de investimento, mas cada vez mais necessário para a prática de uma medicina do século XXI.
Comprado o pequeno hospital, iniciou um grande sonho que chamamos “Projeto Criança”, que consistia em transformar esse empreendimento privado em uma Fundação de direito privado dedicado ao atendimento, ensino, pesquisa e defesa da Saúde da Infância e Adolescência no Brasil. Falando assim parece de uma ambição enorme, e era. Porém, nossos números eram muito menores do que atingimos 15 anos depois.
Construímos um pequeno hospital de 100 leitos pediátricos, com o que havia de mais moderno à época, criamos um centro de pesquisa (Instituto Pensi – Sandra Mutarelli Setúbal) para dar a apoio a políticas públicas e atender às demandas da indústria farmacêutica (que eram muitas, mas não eram nossas prioridades). Algum tempo depois, veio o Autismo e Realidade que se tornou a nossa bandeira social.
Tudo deu muito certo: hoje temos 160 leitos, atendemos entre 50/60 mil crianças no ambulatório de especialidades privado e 12 mil no SUS, temos um programa de residência médica em pediatria com cinco áreas de atuação e indo para mais, sempre muito bem avaliados e com grande concorrência. Nossos cursos são muito frequentados e logo seremos uma Instituição de Ensino Superior. Somos uma das maiores Fundações familiares do Brasil e um dos maiores Fundos Patrimoniais do país, cujo resultado possibilitou a aplicação de R$ 50 milhões em projetos sociais e em pesquisas que ajudam a embasar e formular políticas públicas.
Agora, olhando para o futuro, no final do ano de 2026 deve ficar pronto o nosso novo hospital em Pinheiros, com 210 leitos. O mais moderno hospital pediátrico da América Latina e, talvez, do hemisfério Sul, equipado para fazer praticamente todos os procedimentos pediátricos conhecidos. Após o retrofit da torre da Angélica, teremos um complexo com 250 a 300 leitos, com um ambulatório de especialidade e um centro de diagnóstico e reabilitação completo, capaz de fazer todo o ciclo de atendimento dos pacientes complexos que atendemos, dando maior agilidade e eficiência às nossas linhas de cuidado.
Em 2029, inauguraremos um novo edifício com 12 mil metros quadrados, a 50 metros do novo Sabará Hospital Infantil. Será a sede da Fundação José Luiz Setúbal, nosso centro administrativo e a sede do Instituto Pensi.
Podemos dizer que, em 2030, quando completamos 20 anos, seremos o maior complexo pediátrico do Brasil, com grande capacidade de atendimento médico, com uma visão de medicina integrada (one health), onde a biomedicina e a ciência social caminham juntas, com grandes pesquisadores e atuando como um grande think tank de saúde infantil para ajudar a mudar a realidade , mesmo que um pouco, das crianças brasileiras.
Para potencializar essa transformação e ampliar nosso alcance, atuamos também por meio do Instituto Futuro é Infância Saudável (Infinis), nosso braço de filantropia e advocacy. É com base em dados e pesquisas científicas que defendemos causas essenciais da saúde infantojuvenil e mobilizamos atores-chave para ampliar ainda mais o impacto, além dos milhares de atendimentos gratuitos que oferecemos à sociedade.
Essa visão abrangente faz com que a Fundação esteja sempre repensando e aprimorando sua própria atuação, contribuindo para o fortalecimento das boas práticas no setor filantrópico. Estruturada de forma independente, a Fundação José Luiz Setúbal existe para amplificar e fazer ecoar a voz das infâncias, sempre com uma abordagem científica, inovadora, holística e duradoura — com o compromisso de defender crianças e adolescentes em cada etapa da vida.
Afinal, para nós, Futuro é infância Saudável!
Saibam mais:
- Vídeo institucional: Fundação José Luiz Setúbal: 15 anos pela saúde infantil
- Video das novas marcas
- Vídeo Manifesto: Futuro é uma infância Saudável