É comum ler e ouvir que a Idade Média foi “obscurantista”. Mas a realidade é que foi nessa época que a universidade nasceu como instituição. Seu objetivo era universalizar o conhecimento. Para combater a dita escuridão, veio o Iluminismo, que se iniciou como um movimento cultural europeu do século XVII e XVIII que buscava gerar mudanças políticas, encorajadoras e sociais na sociedade da época. Para isso, os iluministas acreditavam na disseminação do conhecimento, como forma de enaltecer a razão em detrimento do pensamento e defendiam a liberdade de expressão.
Atualmente, porém, as universidades parecem que estão se tornando, aos poucos, centros de doutrinação e censura, a ponto de uma das mais reconhecidas lançar um manual de palavras proibidas em nome do progressismo (The Stanford Guide to Acceptable Words).
A Universidade de Stanford criou a iniciativa para eliminar a linguagem nociva. Consiste em “várias fases” que a equipe de líderes de TI compilou em uma lista ao longo de 18 meses. A fragilidade preconizada pelo progressismo chegou a tal ponto que, ao acessar, o manual de Stanford adverte “Este site contém linguagem ofensiva ou prejudicial. Interaja com este site no seu próprio ritmo” e alerta aos incautos que se aventurarem a entrar no perigoso mundo das palavras e frases proibidas.
No capítulo que trata da “linguagem imprecisa”, a palavra “americano” foi classificada como “preconceituosa”. No lugar, o guia sugere o uso do termo “cidadão dos Estados Unidos”, que abrange “todas as pessoas dos EUA” e não das Américas. A palavra “aborto” também sofreu censura. Por causa de “discriminação moral”, o documento quer que as pessoas falem “terminar ou encerrar a gravidez”.
Tornaram-se proibidos os termos “magia negra”, “marca negra” e “ovelha negra”, por causa de “conotações negativas para a cor preta”. Deve-se evitar ainda mudar “imigrante” para “uma pessoa que imigrou”, “prisioneiro” por “uma pessoa que está ou foi encarcerada” e “sem-teto” por “uma pessoa sem moradia”.
O índice também desaconselha o uso de linguagem com palavras “violentas” e preconceituosas contra animais. Esses termos incluem “bater em um cavalo morto”, “puxar o gatilho”, “alerta de gatilho” e “matar dois coelhos com uma cajadada só”.
Conforme a Stanford, os alunos têm de evitar as palavras “calouro”, “bombeiro” e “deputado”, porque a “linguagem binária de gênero” não inclui todos. Por isso, os estudantes devem optar por termos “neutros”.
O maior perigo dessa iniciativa é que ela se espalhe. Afinal, Stanford é o padrão acadêmico nos Estados Unidos, onde os famosos Stanford Achievement Tests (Testes de Desempenho de Stanford) são exigidos em todos os Estados Unidos, para todas as idades.
Adiante, no tópico “capacitista”, a cartilha orienta os estudantes a usarem “estacionamento acessível” no lugar de “estacionamento para deficientes”, “morte por suicídio” em vez de “suicídio” e “revisão anônima” para dizer “revisão cega”. O guia também estabelece que as pessoas devem usar “não iluminado” como substituto para “surdo” e “pessoa com transtorno de abuso de substâncias” ao referir-se a “viciado”.
Aqui no Brasil também passamos por isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou uma cartilha que recomenda “banir do vocabulário brasileiro” 40 palavras ou expressões “preconceituosas” e racistas. No documento, o TSE lista “esclarecer”, “escravo”, “meia-tigela” e “nega maluca”. O texto sugere ainda excluir o termo “feito nas coxas”.
Divulgado em 30 de novembro, durante o encontro ‘Democracia e Consciência’, o manual apresenta mais hipóteses que fatos para justificar a censura aos termos escolhidos pela Corte. Produzido pela Comissão de Igualdade Racial do TSE, criada em abril deste ano, o conteúdo é dúbio e bastante impreciso.
Posso entender que devemos mudar alguns termos como escravo para escravizado, normal por típico, e termos racistas e preconceituosos não devam ser utilizados, mas tudo dentro de um limite aceitável. Alguns anos atrás, escrevi um artigo para esse blog sobre a mudança de letra do “atirei o pau no gato”, dos finais dos contos de fadas e da proibição dos desenhos do “Tom e Jerry”, tudo em nome do ‘politicamente correto’. O mesmo ocorreu com o “Sítio do pica pau amarelo” de Monteiro Lobato.
As palavras proibidas agora têm um manual com suas alternativas em nome do progressismo. Em vez de dar a seus alunos ferramentas para sair pelo mundo, ele os envolve em uma bolha tão frágil que até as palavras machucam. A partir daí, forjam uma geração de uma espécie de polícia moral que é exportada para a sociedade, não para torná-la mais forte e resistente, mas tão fraca que desmorona quando seu próprio nome é mencionado.
Parto da ideia e do princípio de que devemos educar nossos filhos com liberdade de expressão e com nossos valores. Quando eles se defrontarem com situações diferentes daquelas habituais ou que fogem aos nossos valores culturais ou morais, devemos explicar a razão disso. Pode ser por se tratar de uma outra época quando essa atitude era aceita, ou por ser de uma cultura diferente da nossa, onde os costumes variam. Precisamos mostrar um mundo diverso e que isso é aceitável e deve ser compreendido para podermos vivermos em um mundo sem preconceitos.
Fonte:
Saiba mais:
https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/tom-e-jerry-polemica-do-politicamente-incorreto/
https://institutopensi.org.br/pernalonga-faz-80-anos/
https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/existe-uma-maneira-correta-para-educar-os-filhos/
https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/os-brinquedos-e-a-agressividade-natural-infantil/