Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

Linfoma de Burkitt e o drama do goleiro da portuguesa

Outro dia, lendo as páginas esportivas, vi uma triste notícia: o pequeno Gustavo, de quatro anos, filho do goleiro Thomazella (que foi destaque da equipe na Série A-2 pela Portuguesa), foi diagnosticado com um linfoma de Burkitt.

O linfoma de Burkitt é um subtipo de linfoma não-Hodgkin, que pode aparecer em pessoas de qualquer idade, mas com maior predominância na faixa etária de 0 a 19 anos. Essa doença representa cerca de 5% dos cânceres nessa população, ocupando o 3º lugar das neoplasias malignas mais comuns na infância e adolescência. Geralmente, o tratamento é feito com quimioterapia e apresenta boas respostas, com uma chance de cura de até 90% quando diagnosticado nos estágios iniciais. Parece que a epidemiologia no Brasil é semelhante ao restante do mundo.

Aparentemente, o motivo para o linfoma de Burkitt ser mais predominante em crianças e adolescentes é devido à imaturidade do sistema imunológico. Ou seja, por ele ainda estar em desenvolvimento, há uma maior chance de uma mutação genética acontecer, podendo causar o aparecimento de células anormais e com proliferação descontrolada, originando esse tipo de linfoma não-Hodgkin (LNH).

Apesar de ser um câncer agressivo e de evolução muito rápida, a resposta ao tratamento também é muito rápida, felizmente para o Gustavo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide essa doença em três tipos: endêmico, esporádico e associado à imunodeficiência. A diferença entre o endêmico e o esporádico é a maior ou menor presença do DNA do Vírus Epstein-Barr (EVB).

  1. O endêmico tem sido descrito em países em desenvolvimento, com 50 a 100% contendo DNA-EBV, sendo mais prevalente na África, Turquia e no Amazonas e são mais frequentemente associados a massas mandibulares.
  2. O linfoma Burkitt esporádico tem como principais manifestações clínicas as massas abdominais.
  3. Já o linfoma associado às imunodeficiências acontece, normalmente, em pessoas cuja imunidade está comprometida, como portadores do vírus HIV (aids) ou pessoas que fazem uso de drogas imunossupressoras. Pode também estar relacionado a síndromes congênitas, como a de Wiskott-Aldrich, a ataxia-telangiectásica e a síndrome de Bloom.

Existem alguns fatores risco, relacionados à classificação da OMS citada acima, como:

A forma de apresentação mais comum é a forma endêmica e o sinal mais frequente é o aumento de volume da mandíbula, podendo causar dor no local. Também pode se manifestar com o aumento de volume na região orbitária, causando dor e protrusão ocular. Os sintomas mais comuns do linfoma de Burkitt são:

Tradicionalmente, o tratamento para esse linfoma é a quimioterapia. Segundo os especialistas, a terapia dura de quatro a 10 meses, dependendo do grau de estágio do linfoma. Em geral, a resposta é rápida e o prognóstico é bom. Entretanto, se houver o acometimento da medula óssea e/ou do sistema nervoso central o prognóstico é mais reservado.

O Sabará Hospital Infantil e o A.C. Camargo Câncer Center mantêm uma parceria para um programa integrado de oncologia pediátrica, que oferece todos os serviços de um centro de câncer líder e de um hospital pediátrico de renome para o atendimento de crianças com todos os tipos de câncer, inclusive do Linfoma de Burkitt.

Por enquanto, Thomazella, Natália e Gustavo contam as semanas para o fim do tratamento, e nós nos juntamos a eles nessa corrente, torcendo para que tudo saia bem e que logo o Gustavo esteja brincando por aí.

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