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Dificuldades no momento da alimentação podem ter causas variadas e, na maioria dos casos, é resultado da combinação de diversos fatores. Por este motivo, quando uma criança não quer comer, necessita de uma avaliação especializada, geralmente realizada por diferentes profissionais, especialmente para identificar quais problemas associados podem estar impactando nas escolhas alimentares da criança e na sua possibilidade em construir relações confortáveis e felizes com o momento da alimentação.
A anquiloglossia, popularmente conhecida como “frênulo da língua curto” ou “língua presa”, é uma alteração congênita que ocorre durante a fase de formação do bebê, ainda dentro do útero da mãe. Dependendo do tamanho, da espessura e de como o frênulo lingual está fixado dentro da cavidade oral, pode limitar a movimentação da língua do bebê, afetando negativamente a amamentação, e mais tarde, podendo trazer dificuldades à mastigação e a produção dos sons da fala, por exemplo.
No Brasil, com o objetivo de diagnosticar e prevenir complicações principalmente na fase do aleitamento materno, foi criado em 2013 por Martinelli e colaboradores, um protocolo de avaliação do frênulo lingual em bebês. O Teste da Linguinha, como é chamado, tornou-se obrigatório em todas as maternidades do país em 2014 (lei no 13.002/2014), como uma triagem rápida e indolor. É considerado um teste relativamente simples, geralmente realizado nas primeiras 48 horas de vida, através da observação do frênulo a partir da elevação da língua no bebê acordado e durante o choro.
Quando a anquiloglossia é identificada precocemente e está associada a dificuldades no aleitamento materno a abordagem costuma ser cirúrgica, realizada ainda na maternidade. Já nos casos em que a alteração no frênulo é considerada “duvidosa”, ou seja, não é possível afirmar que há a presença da anquiloglossia, o protocolo propõe que uma nova triagem seja realizada em até 30 dias após o nascimento.
Em crianças maiores a correção das alterações do frênulo pode ser necessária, e frequentemente é indicada quando há dificuldades associadas do posicionamento da língua, alterações de mordida, dificuldades na mastigação, deglutição e na fala.
Na alimentação da criança pequena, as alterações no frênulo podem ocasionar diferentes dificuldades, desde a pega incorreta no seio materno até a incoordenação nos movimentos de sucção, respiração e deglutição durante as mamadas. Além disso, aprender a mastigar alguns alimentos pode se tornar difícil e desconfortável, o que faz com que a criança recuse ou até se canse facilmente de mastigar.
Vale dizer, no entanto, que crianças “mais difíceis para comer” ou que são mais exigentes e seletivas em suas escolhas na alimentação, no geral não apresentam esta dificuldade apenas por alterações no frênulo da língua. Gostar de comer, provar e aceitar diferentes alimentos, ter uma alimentação variada em texturas, sabores e consistências, é parte de um amplo processo de descobertas e aprendizado, onde sentir-se seguro, confiante e feliz com os momentos das refeições é fundamental.
Em caso de dúvidas sobre o frênulo lingual ou sobre dificuldades na alimentação da sua criança, procure a orientação de um profissional. O fonoaudiólogo especializado é um destes profissionais capacitados para avaliar a condição do frênulo e identificar quais problemas na alimentação podem estar associados.