Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

Meu encontro com o Super-Lucas

Meu encontro com o Super-Lucas e toda sua coragem

Meu encontro com o Super-Lucas e toda sua coragem

Certa vez tivemos um chamado urgente vindo de um garoto muito corajoso chamado Lucas. As fadas (para quem não sabe, as fadas aqui são nossas enfermeiras) vieram ao encontro do Peter Pan e da Alice para reforçar essa coragem que, aparentemente, poderia ter enfraquecido por conta de uma super injeção.

Chegamos no quarto e lá estavam ele e sua super família. Uau! Era uma família inteira de super-heróis, igual à do Senhor Incrível. Levamos a ele um amuleto chamado “Mini mim”, pois por meio desse amuleto sua coragem seria energizada, e cantamos sua canção preferida, ensinada pelo seu pai, chamada “Alecrim”.  

E foi assim que ganhamos um novo amigo e o mundo ganhou um novo super-herói: o Super-Lucas! Porém, tivemos complicações e fomos chamados para uma outra emergência. Nosso herói seria internado e entubado na UTI devido a esta complicação. Desta vez, estávamos eu (Peter Pan) e minha amiga Chapeuzinho Vermelho.

Adentrei o quarto e meu amigo estava bem calmo, como de costume. Era muita movimentação. Um vai pra lá e vem pra cá. Estávamos em oito fadas e eu.

O Super-Lucas segurou minha mão. Um suspiro de pura poesia adentrava aquele momento tão delicado.

Lembro-me muito bem de uma goiabinha (fisioterapeuta) nos acompanhando, muito doce e gentil, falando de futebol e vídeo–game. Ela é, sem dúvida, uma das minhas goiabinhas preferidas!

Enquanto ela nos contava como era boa nos jogos, eu olhava para o Super-Lucas e ele para mim. Parecia que um se alimentava da força e da coragem do outro. Ali se estabeleceu um laço, se fortaleceu uma amizade e se concretizou a fé.

Essa energia superou o difícil momento e sublinhou com bolhas de sabão a palavra “amizade”. Ele, então, adormeceu, segurando minha mão, e eu saí dali com meus olhos marejados, transbordando de esperança. Ele tem esse dom de encarar tudo com muita calma e paciência! Um dom que eu, muitas vezes, esqueço que também tenho, ficando ansioso por situações bem menores e menos graves.

Como já dizia um grande amigo meu da Terra do Nunca: “A vida é uma eterna volta pra casa”. Este lugar nada mais é que o ventre da nossa essência e ali eu me voltei para o essencial: a força da luta, de querer viver.

Voltei para a Terra do Nunca modificado, revisitei os momentos mais simples da minha vida e percebi que eles foram os mais intensos. No outro dia, quando o porteiro abriu as portas do Castelo UTI, eu vi que na porta do meu grande parceiro Super-Lucas, estava um desenho meu e, aí, só reafirmei a simplicidade e potência de um momento como esse. Este é o verdadeiro alimento da alma, não é necessário muito, pois ali me fiz feliz.

Abrimos a porta e lá estava o seu pai. Relembramos o quão doce era cantar “Alecrim, Alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado. Alecrim, Alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado… Foi meu amor, que me disse assim que a flor do campo é o Alecrim”.

O nosso herói continua travando a sua batalha, assim como nós. Nosso encontro tem o cheiro de alecrim, nossa parceria vai além dessa “guerra” travada, ela permeia não só os nossos corações vindos dos contos de fadas, preenche também quem somos a partir de belos encontros como estes.

Com muito carinho,

PETER PAN (Marcelo Prudente)

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Atualizado em 5 de setembro de 2024

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