PESQUISAR
Erik Erikson (1902 – 1994) era um psicanalista, nascido na Alemanha, e grande professor da Universidade de Harvard. Muito influenciou a Psicologia do Desenvolvimento norte-americana na perspectiva psicossocial. Dentre suas famosas contribuições, tem-se a proposição de estágios de desenvolvimento ao longo do ciclo da vida, caracterizados, cada um, por uma questão crítica, cujo modo de enfrentamento e contexto para sua realização fazem toda a diferença. Penso ser sempre útil revisarmos essas questões e refletir sobre o como estamos enfrentando o que nos caracteriza, bem como observar como os que nos são próximos e queridos estão lidando.
1- “Será o meu mundo social previsível e protetor?” é a questão que caracteriza a primeira idade, ou seja, a dos bebês até os 18 meses. É uma questão que deposita toda a esperança nos adultos – pais, gestores, educadores ou responsáveis – que cuidam, protegem e asseguram a cada criança, a todas as crianças, não importa sua condição de saúde e classe social, um sentimento básico de confiança na vida.
2- “Será que consigo fazer as coisas sozinho ou tenho de depender quase sempre dos outros?” é a questão que caracteriza a segunda idade, das crianças que têm de 18 meses a 3 anos. Sentir-se independente, poder andar, falar, cuidar de si nas coisas básicas, ter relações significativas com seus pais, poder expressar sua força de vontade – é tudo o que elas querem.
3- “Serei bom ou mau?” é a questão que caracteriza a terceira idade, das crianças de 3 a 6 anos. O quanto e o como seus pais e todos os adultos que lhes são caros colaboram para que a resposta a essa questão seja positiva, fará toda a diferença. Sentir orgulho de suas capacidades é, talvez, a melhor forma de essas crianças resolverem a crise proposta pela questão que caracteriza seu estágio de desenvolvimento.
4- “Serei competente ou incompetente?” é a questão característica da quarta idade, das crianças de 6 a 12 anos. Aprender a ler, escrever e calcular, conviver com iguais, respeitar e aceitar regras, fazer coisas com habilidade e competência, junto ou sozinho, são desafios dos escolares, trilhando – diligentemente – um caminho entre ser criança e se preparar para ser jovem.
5- “Quem sou eu? O que vou fazer de minha vida?” é a questão característica da quinta idade (12 – 20 anos), dos adolescentes e, com ela, a de se adaptar a tantas mudanças (muitos professores na escola, tarefas e agenda a ser cuidada por si mesmo, colegas, esporte, identificação sexual, futuro).
6- “Deverei partilhar a minha vida com alguém ou deverei viver sozinho?” é a questão característica dos jovens adultos, que estão na sexta idade (20 – 35 anos). Serão eles capazes de amar e se entregarem, formando vínculos sociais (família e trabalho)? Aceitarão encontrar-se e se perderem no outro de forma amiga, colaborativa e cooperativa?
7- “Produzirei algo com valor, útil para mim e também para os outros?” é a questão característica dos adultos “plenos”, isto é, que estão na sétima idade (de 35 a 65 anos). De fato, é nesse ciclo de vida que todos esperamos a melhor e maior contribuição dos adultos. De seu cuidado e produção dependem a sociedade como um todo e, em particular, crianças, jovens, doentes, incapacitados e velhos.
8- “Valeu a pena viver?” é a questão característica da oitava idade, ou seja, das pessoas com mais de 65 anos. “Está satisfeito com a vida”?, “o quanto ela foi ou tem sido valiosa para você e todos os seus?”, “viver foi um tempo perdido, impossível de recuperar”, de fato, são perguntas que os idosos fazem frequentemente. Refletir sobre elas e “respondê-las” com humanidade faz parte de nossa sabedoria.
Leia também: Qual é a sua geração? Veja o estilo parental que a caracteriza
Atualizado em 19 de setembro de 2024