Se nos adultos a automedicação preocupa, nas crianças é ainda pior. Criança não pode ser considerada como um adulto pequeno! Tem estrutura corporal e metabolismo distintos, o que a torna mais susceptível a apresentar determinadas reações a medicamentos. Assim, é necessário adaptar o remédio e as doses utilizadas de modo apropriado na infância.
Nem sempre os remédios usados para tratar adultos podem ser usados em crianças. Uma questão delicada, tampouco divulgada, é o fato de que a maioria dos medicamentos não é testada em pacientes pediátricos, seja por uma questão de segurança ou pressa da indústria farmacêutica em colocar o produto no mercado. Por isso, em muitos casos, só se conhecem os efeitos adversos dos medicamentos na infância após sua comercialização. Os pais devem estar atentos, procurar seguir as orientações do pediatra e informá-lo sempre sobre o aparecimento de algum sintoma sugestivo de reação adversa após a ingestão de um remédio.
Além de provocar reações alérgicas que podem levar à morte, as drogas ainda interagem com os demais medicamentos, potencializando, anulando ou alterando a absorção do outro. No mês que vem, felizmente, passa a valer em nosso país a nova regra da Anvisa sobre a venda controlada de antibióticos. Já presente nos EUA e na Europa, a norma vem em boa hora. O uso abusivo desse tipo de remédio é alarmante na infância. Além do fato de mascarar a verdadeira doença, o emprego indiscriminado dos antibióticos torna os microorganismos mais resistentes, e quando for realmente necessário usá-los, não surtirão resultados.
Saiba mais sobre os antibióticos
Crianças menores de 5 anos representam cerca de 35% dos casos de intoxicação por medicamentos, segundo estimativas do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas. Entre os sintomas apresentados nesses casos estão as alergias, com sintomas como: urticária, olhos e lábios inchados, erupções na pele, rinite, asma, queda da pressão, vômitos, diarreia e até um choque anafilático que pode levar a óbito.
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Estes casos ocorrem mais frequentemente com anti-inflamatórios e antibióticos. Ainda, os analgésicos e anti-inflamatórios, ministrados de maneira errada e abusiva, são responsáveis por problemas gástricos, hepáticos e de coagulação. Os descongestionantes também devem ser usados apenas com prescrição médica e devem ser evitados em bebês pequenos, pois estão frequentemente associados à intoxicação com risco de arritmia cardíaca, convulsão e parada cardíaca. Os fitoterápicos também não são inofensivos. Se não bastasse automedicar crianças, outro erro é exagerar na dose. Para não correr riscos, siga as orientações fornecidas pelo médico, esclareça as dúvidas com o pediatra e evite usar a colher da cozinha: opte pelo medidor ou uma seringa dosadora, ambos com mais precisão.
Eu sei que nós queremos aliviar o mais breve possível o sofrimento das crianças, mas a maioria das pessoas não sabe que até os antitérmicos exigem orientação.
Atualizado em 24 de janeiro de 2024