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Outro dia uma amiga chegou para mim e falou que não sabia brincar com seu filho de 8 anos. A princípio eu fiquei meio incrédula, mas depois me dei conta de que era sério e que essa sensação de não saber brincar, em especial com as crianças mais velhas, é mais comum do que parece.
Eu mesma, se não tivesse tornado o brincar minha nova profissão ao criar o Tempojunto, talvez enfrentasse dificuldades. Por outro lado, se tem uma coisa de que tenho certeza desde que deixei minha vida corporativa, é que brincar se aprende. E mais do que isso, brincar é bom para todo mundo, inclusive para os adultos.
Os benefícios do brincar são inúmeros. Através da brincadeira as crianças desenvolvem suas habilidades motoras, cognitivas, emocionais e sociais e ainda constroem vínculo com os adultos cuidadores. Só que tem mais. Quando se olha para a brincadeira do ponto de vista do adulto, além dela também nos ajudar do ponto de vista físico e emocional, temos na mão uma “chave de ouro para entender nossos filhos”, como informa a psicóloga Patrícia Garcia em uma entrevista ao Tempojunto.
Em outra entrevista, o Prof. Lino de Macedo, colaborador regular aqui do blog Saúde Infantil, falou uma coisa que me chamou muito a atenção. Segundo ele, ao brincar com a criança mais velha, o adulto a empodera para lidar com situações da vida, como a vitória ou derrota (no caso de um jogo), a superação, a persistência (até ganhar do adulto) e a celebração generosa (aquela que não humilha quem não conseguiu o resultado). Além disso, quando o adulto mantém o tempo junto de brincar com a criança mais velha, ele já está sedimentando o caminho para que o adolescente tenha prazer da companhia dos pais e dos adultos, além da companhia dos amigos. (Olha aí uma dica daquela receita que todos nós queremos sobre o adolescente).
Agora, como brincar com a criança mais velha? Eu li um artigo num site australiano sobre informação para os pais chamado Kidspot que me ajudou muito a ter ideias de como brincar com crianças maiores de 7 anos e que eu aplico com a Carol, minha filha de 9 anos:
1) Explore os ambientes externos
Passeios de bicicleta, patins e patinete fazem muito sucesso nesta idade. Ir à praia e fazer uma trilha também funcionam.
2) Escolha um jogo que agrade toda a família
As crianças desta idade gostam de jogos e entendem como eles funcionam. Alguns pais adoram jogos tradicionais, como War. Outros não. Mas tem sempre um jogo para todo mundo. Não precisa ser um jogo demorado, como Banco Imobiliário. Tem um monte de opções de jogos rapidinhos, como Cai Cai, Jenga, Cara a Cara. Isso sem falar nos jogos de cartas, como Mico. Lá no blog tem um post cheio de dicas de jogos para a família. Dá uma lida se quiser se inspirar e encontrar o tipo de jogo capaz de agradar todo mundo.
3) Incentive o desenvolvimento de alguma habilidade
Se o seu filho demonstrar algum interesse específico por esporte, música, ciências ou habilidades manuais, demonstre interesse e estimule-o da melhor forma. Compre livros sobre o assunto, pesquise sites na internet, procure cursos extras. Se você puder compartilhar este interesse, praticando junto, melhor ainda. Aqui em casa a onda é que a Carol quer ser estilista, então eu encontrei uma aula de costura para crianças, feita em máquina de verdade, que nós vamos poder fazer juntas.
4) Limite o tempo das telas
É normal que a criança desta idade queira ver TV, navegar na internet ou brincar com tablets e smartphone. E é fácil para a gente deixar a criança ficar o tempo que quiser diante das telas porque assim a criança “não dá trabalho”. No entanto, é importante criar limites até porque, diante da falta da TV, a criança é obrigada a encontrar alternativas para o seu tempo livre. Esta é a hora de brincar ou se empenhar em projetos pessoais. A minha filha, por exemplo, resolveu escrever um livro. Ou seja, menos tempo diante das telas obriga o exercício da criatividade.
5) Mantenha o hábito de ler para o seu filho
Brincar junto não é apenas sair correndo ou sentar com brinquedos. Existem outras maneiras de passar tempo junto com os filhos com qualidade. Uma delas é lendo. Nesta idade as crianças conseguem dar conta de histórias mais complexas e os livros ficam maiores. Você pode aproveitar e escolher livros clássicos como as obras do Monteiro Lobato ou coleções mais recentes adequadas para a idade para ler um capítulo por noite. Com a minha filha, as coleções Judy Moody, Diário de Pilar, Go Girl e Família Plântano são as que fazem mais sucesso.
6) Incentive o envolvimento da criança na cozinha
Mesmo que você não goste de cozinhar (como é o meu caso), uma ida à cozinha de tempos em tempos para fazer um prato juntos é uma ótima forma de manter diálogo com as crianças. Faça um cupcake ou biscoitos, por exemplo. Deixe a criança escolher a receita. Se você tiver o hábito de cozinhar, melhor ainda. Convide seus filhos para ajudar no jantar.
Você verá que, com estas dicas, é mais fácil conseguir brincar com as crianças mais velhas do que parece.
Leia também: Será que você sabe brincar com seus filhos?
POR PATRÍCIAS CAMARGO E MARINHO
Atualizado em 5 de agosto de 2024