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Nos últimos 30 anos, o Brasil reduziu significativamente a desnutrição infantil, mas ironicamente o problema coexiste hoje com a obesidade. Fenômeno recente de insegurança alimentar e nutricional pode se expressar na população independentemente de sexo, idade, raça ou classe social. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 15% das crianças com idade entre 5 e 9 anos têm obesidade. Uma em cada três não chegaram ao nível da obesidade, mas estão com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde.
A obesidade passou a ser vista como uma epidemia. Em 2010, 17,8% da população brasileira era obesa; em 2014, o índice chegou aos 20%, sendo a maior prevalência entre as mulheres, 22,7%. Outro dado é o aumento do sobrepeso infantil. Estima-se que 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas, com 7,7%.
A maioria dos programas de prevenção da obesidade infantil se concentra em crianças mais velhas, apesar do fato de que mais da metade das crianças com excesso de peso ou obesidade ficaram acima do peso antes dos 2 anos de idade.
Num interessante estudo “A Home Visiting Parenting Program and Child Obesity: A Randomized Trial”, publicado na revista Pediatrics de fevereiro de 2018, mostra que crianças de famílias que receberam uma intervenção de visita domiciliar eram significativamente menos propensas a ser obesas na idade de 2 anos. Um total de 158 mães de primeira viagem que viviam em comunidades clinicamente desatendidas receberam visitas domiciliares por um assistente social e enfermeira pediátrica em um horário de visita recomendado, incluindo visitas semanais que iniciaram no terceiro trimestre da gravidez até o primeiro aniversário da criança e duas semanas durante o segundo ano da criança. Como se vê, algo simples e barato, que pode ser feito por qualquer grupo de saúde da família.
Os pesquisadores mostram que, aos 2 anos, quase 80% das crianças que receberam visitas domiciliares estavam com peso adequado, em comparação com 64% no grupo controle. Eles encontraram 20% de crianças no grupo controle que eram obesas, em comparação com 3% das crianças que receberam as visitas.
Os pesquisadores concluíram que são necessárias mais pesquisas, mas as visitas domiciliares podem ser eficazes na redução das taxas de obesidade em populações em risco. Como nossa Fundação atua em populações carentes na dimensão da nutrição, talvez esta seja uma abordagem para atuarmos.
Leia também: O duplo impacto da má nutrição na primeira infância
Fonte: Pediatrics January 2018
Monica Roosa Ordway, Lois S. Sadler, Margaret L. Holland, Arietta Slade, Nancy Close, Linda C. Mayes
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.
Atualizado em 21 de novembro de 2024