O leite humano é o único alimento que pode oferecer componentes protetores para o corpo, enquanto o sistema de defesa do bebê amadurece.
A semana mundial de aleitamento materno criada pela Organização Mundial de Saúde em 1992 visa promover e incentivar a amamentação em 120 países do mundo.
Promover esta prática é algo importantíssimo. Dito isto, falaremos aqui das expectativas em relação à amamentação e da realidade de amamentar.
Ao falarmos de temas que envolvem a dupla mãe-bebê corremos o risco imediato de emitir opiniões de julgamento sobre como esse relacionamento deve funcionar.
Na minha prática profissional, me deparo com mães e pais que estão com seus filhos internados. Eles têm que lidar com o adoecimento do filho, amparar o filho, suportar a angústia que a situação traz e ao mesmo tempo lidar com a opinião de conhecidos sobre como estão cuidando de seus filhos.
Neste contexto, os pais passam a se questionar sobre o que poderia ter sido feito de diferente para o filho não adoecer e, na maioria das vezes, chegam à conclusão que não se tratava de algo controlável.
Com o tema da amamentação não é diferente. Muitas mães sabem que a recomendação número um desde o nascimento é o aleitamento materno.
Algumas sempre sonharam com este momento e podem vivê-lo plenamente e, mesmo nessa circunstância, a amamentação não deixa de ser uma situação complexa e delicada.
Nos sonhos dos pais e mães, a amamentação é simples: o bebê é colocado no peito e imediatamente mama muito bem, fica satisfeito, arrota, é embalado e colocado no berço.
Mas há perguntas frequentes que surgem sobre o aleitamento materno:
- O bebê é colocado no peito e pode não conseguir mamar imediatamente, como ajudá-lo?
- O peito da mãe pode ficar machucado e aquela experiência não ser a mais agradável, como fazer o bebê ter uma boa pega e a mãe lidar com aquela experiência?
- Quando o bebê mama por poucos minutos, será que ele está satisfeito? Ele mamou o suficiente?
Enfim, são muitas perguntas e angústias que aparecem no processo de amamentação.
Quando o bebê nasce, o sonho de ter um filho se realiza, deixa de ser sonho para se tornar realidade. O mesmo acontece com a amamentação, tudo o que haviam dito antes de como devemos fazer, o certo e o errado podem ser usados como referência, mas a amamentação nunca acontecerá exatamente da forma como tínhamos imaginado ou como nos garantiram que seria.
Para começar, cada pessoa dessa dupla mãe-bebê é única e a interação só será conhecida após o nascimento. Neste início de vida, pai e mãe vão aos poucos conhecendo o filho, entendendo o que ele gosta, o que traz um choro sentido, um riso alegre ou qual a necessidade daquele momento.
A amamentação é parte importante e podemos dizer que seria a mais central nesse processo de pais e filho se coadaptarem.
Neste período de ajustamentos, percebo que quanto mais as problemáticas a respeito da amamentação forem compartilhadas coletivamente, menos a mãe e o bebê sofrem neste processo.
A busca por grupos de amamentação, locais de orientação ou conversas com amigos e familiares são riquíssimas e podem trazer dicas preciosas que algumas vezes resolvem o que estava difícil.
As pessoas mais velhas podem ter orientações do que funcionou com elas e existem centros de aleitamento materno com orientação para esta atividade em grupo. Não pense que as dificuldades só aconteceram com você!
Este é um momento delicado e intenso, um compromisso que assumimos sem poder prever exatamente o que será exigido de nós. O importante é podermos falar sobre o assunto, gritar por socorro nas horas de aperto.
Com suporte e acolhimento, mais mães poderão seguir na empreitada da amamentação e as que não tiverem essa oportunidade por outros impedimentos, se sentirão menos culpadas, encontrando novas oportunidades de alimentar seus pequenos com carinho.
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Atualizado em 16 de dezembro de 2024