A matemática está presente em nossas vidas desde o nascimento. Desde muito cedo, nossa vida gira em torno de números, medidas, operações, figuras geométricas. Até mesmo os meios de comunicação demonstram uma infinidade de informações da linguagem matemática. Mas como se desenvolve a matemática na criança? E a atividade física pode auxiliar nessa aquisição?
Segundo Piaget, o conhecimento lógico-matemático é uma construção resultante da ação mental da criança sobre o mundo. É construída a partir das relações elaboradas pela criança nas suas atividades de pensar o mundo, bem como das ações que realiza sobre os objetos. Mas o que isso significa?
Ao longo de seu desenvolvimento, a criança explora o ambiente a sua volta de maneiras diversas. Primeiro com o olhar, com as mãos, pés, com o corpo etc. Desde os primeiros deslocamentos, ela é capaz de entrar em contato com a linguagem matemática. No simples ato de brincar a criança percebe a passagem de tempo, mede distâncias, distingue o pesado do leve, começa a ter conceitos espaciais como perto e longe, em cima e embaixo, fora e dentro, frente e trás. Todas as atividades do homem, sejam elas simples, como repartir um pão, ou complexas, como um projeto de arquitetura e engenharia, estão repletas de conceitos matemáticos. O desenvolvimento da matemática permite à criança o favorecimento do raciocínio lógico e da criatividade.
Uma criança que é estimulada desde pequena tem maiores possibilidades de desenvolvimento da matemática. No momento em que colocamos um bebê no chão para rastejar e mostramos a ele um brinquedo é possível estimular sua capacidade de observação do objeto. Assim sendo, a criança inicia o processo de identificação de cor, forma, peso, tamanho, tipo de material que é feito. No momento em que a criança pega esse objeto e o solta, percebe também que ele cai, dando conhecimentos aos conceitos de física. Aos poucos esse conhecimento lógico-matemático vai se estruturando e se organizando na mente da criança. A análise de um objeto feita pela criança nunca ocorre de forma isolada, mas sim, de maneira relacional e comparativa através da diferença e da igualdade.
É justamente aí que percebe-se a importância da atividade física desde cedo. Quanto mais diferenciadas forem as experiências vividas, maiores os conceitos que poderão ser adquiridos. A natação, por exemplo, faz com que possamos identificar diferentes meios, diferentes resistências, os conceitos de dentro e fora, com e sem (água), quantidades, distâncias. O mini atletismo proporciona o convívio com a altura, a distância, a velocidade, pesos. Os jogos esportivos com bola fazem-nos distinguir objetos semelhantes e suas variedades de pesos, comparando-os. Além disso, os esportes promovem o desenvolvimento da percepção espacial.
Portanto, antes de julgar nossos pequenos por estarem indo mal em matemática na escola, perguntemo-nos como estão sendo colocados os meios para que essa matemática possa ser aprendida. Torna-se impossível fazer com que um jovem organize e resolva uma equação de segundo grau se antes não brincar de empilhar, encaixar, organizar, separar, distinguir. Como fazê-lo conhecer os conceitos geométricos se antes não brincou com formas variadas de objetos? Como somar, subtrair, multiplicar e dividir se antes não brincou de vendinha, casinha, escolinha? Como fazê-lo entender conceitos da física se nunca jogou bola, tampouco andou de bicicleta? Como parear números se jogos de memória e quebra-cabeças sequer entraram em sua vida?
Brincar não é perda de tempo. Praticar esportes não é somente para formar campeões e ganhar medalhas. Atividade física vai muito além de estética e condicionamento físico. Formar futuros engenheiros, arquitetos, médicos, advogados, entre tantos profissionais de sucesso requer de nós, pais e educadores, uma visão mais ampla do que apenas o desenvolvimento pedagógico. Criança precisa de movimento e somente através dele é que se dá o pleno conhecimento!
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Atualizado em 29 de agosto de 2024