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Autismo continua na pauta do dia
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Autismo continua na pauta do dia

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05/07/2025
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Causou muita polêmica o artigo do pediatra Daniel Becker sobre autismo, publicado no jornal O Globo, e com o qual concordo com absolutamente tudo.

Nos últimos anos, tanto no Brasil como em outros países, observa-se um crescimento significativo do diagnóstico de autismo na população em geral, mas as estatísticas variam bastante. Os números alarmantes dos americanos, por exemplo, aumentam ano a ano, sendo que os deste ano mostram que cerca de 1 em cada 31 crianças nos EUA (3,2%) são identificadas como autistas aos 8 anos de idade, de acordo com um relatório de 2025 da Rede de Monitoramento de Autismo e Deficiências de Desenvolvimento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O relatório foi baseado em dados coletados em 16 locais nos Estados Unidos em 2022.

Já na Europa, os números são bem menos assustadores, indicando, ainda, incidência crescente em países como Noruega, Espanha e Itália, mesmo que em menor, mas destacam a de 1/806 em Portugal, sugerindo a necessidade de cautela na análise da questão. Infelizmente, não temos dados brasileiros publicados. Então, como ficamos?

Existem sim muitos diagnósticos não baseados em melhores práticas e, por assim dizer, não corretos. Como não existe um exame que diga ‘sim’ ou ‘não’, e os testes são caros e interpretativos, os profissionais qualificados são poucos. Dessa forma, ficamos nas mãos de uma “indústria do autismo”, como diz o dr. Becker com muita propriedade. Para isso, precisamos de muita informação e formação de profissionais, e é exatamente isso que a Fundação José Luiz Setúbal, através do Autismo e Realidade, se propõe a fazer.

No relatório americano, meninos são diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) com mais de três vezes de frequência do que meninas. No geral, o autismo foi menos comumente identificado entre crianças brancas não hispânicas do que entre crianças asiáticas.

Por que mais crianças estão sendo diagnosticadas com autismo?

No geral, o número de crianças relatadas dentro do espectro aumentou desde o início da década de 1990. O aumento nas taxas de autismo pode ser causado por diversos fatores. Por exemplo:

  • As famílias se tornaram mais conscientes sobre o TEA.
  • Os pediatras começaram a realizar mais exames para autismo, conforme recomendado pelos protocolos. As crianças são identificadas mais cedo, o que é positivo. Quanto mais crianças são examinadas e diagnosticadas, mais podem receber o apoio personalizado de que precisam para prosperar.
  • As escolas ficaram mais conscientes sobre o autismo, e as crianças começaram a receber serviços educacionais individualizados mais adequados.
  • O espectro se ampliou e agora inclui crianças com outros diagnósticos, como deficiência intelectual e jovens com traços autistas sutis.

O que causa o autismo?

Crianças com diagnóstico de TEA não têm uma causa ou razão comum para a condição. Diversos fatores podem levar um indivíduo a ser identificado como autista, e atualmente, sabemos que:

  • As famílias não causam o autismo. Crianças autistas são encontradas em famílias de todas as origens.
  • Vacinas não causam autismo. Isso tem sido exaustivamente pesquisado há décadas por diversos especialistas médicos nos EUA e em vários outros países.
  • O histórico médico familiar e a genética podem desempenhar um papel. Quando uma família tem uma criança autista, a chance de um irmão estar no espectro autista é de 10 a 20 vezes maior do que na população em geral. Parentes de crianças no espectro têm maior probabilidade de compartilhar algumas características sociais e comportamentais semelhantes às observadas entre crianças autistas. No entanto, essas características podem não se destacar o suficiente para que um diagnóstico médico seja feito.
  • A maioria das crianças com TEA não apresenta uma condição médica ou genética específica que explique o autismo. No entanto, o autismo pode ocorrer com mais frequência em crianças com certas condições médicas ou diferenças genéticas. Essas condições médicas podem incluir a síndrome do X frágil, o complexo de esclerose tuberosa, a síndrome de Down ou outras condições genéticas. Bebês prematuros são outro grupo com maior probabilidade de serem identificados como autistas.
  • Diferenças cerebrais foram encontradas entre algumas crianças autistas e crianças não autistas.
  • Fatores ambientais que podem contribuir para o autismo estão sendo estudados, mas ainda não são bem compreendidos.

No passado, apenas crianças com os sinais mais óbvios ou clássicos de autismo eram diagnosticadas. Mas, em 2013, os critérios diagnósticos para o autismo mudaram. Isso se baseou em pesquisas e na experiência clínica durante as duas décadas desde a publicação do DSM-IV em 1994. Agora, crianças com traços mais sutis estão sendo identificadas como pertencentes ao espectro autista.

Cada criança no espectro tem necessidades diferentes. Quanto mais cedo o autismo for identificado, mais cedo as famílias poderão acessar apoios e serviços precoces, adaptados às necessidades de seus filhos.

A Academia Americana de Pediatria recomenda que todas as crianças sejam examinadas para autismo nas consultas de rotina aos 18 e 24 meses. Pesquisas mostram que iniciar a intervenção precoce pode ajudar crianças e famílias a prosperarem ao longo da vida. A Sociedade Brasileira de Pedia não possui uma política específica sobre isso.

Além disso, crianças no espectro autista podem ter outras questões ou necessidades médicas que exigem avaliação e tratamento adicionais. Condições concomitantes comuns podem incluir convulsões, problemas de sono, problemas gastrointestinais (dificuldades de alimentação, dor abdominal, constipação e diarreia) e problemas de saúde comportamental, como ansiedade, TDAH, irritabilidade e agressividade.

Fontes:

Saiba mais:

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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