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Causou muita polêmica o artigo do pediatra Daniel Becker sobre autismo, publicado no jornal O Globo, e com o qual concordo com absolutamente tudo.
Nos últimos anos, tanto no Brasil como em outros países, observa-se um crescimento significativo do diagnóstico de autismo na população em geral, mas as estatísticas variam bastante. Os números alarmantes dos americanos, por exemplo, aumentam ano a ano, sendo que os deste ano mostram que cerca de 1 em cada 31 crianças nos EUA (3,2%) são identificadas como autistas aos 8 anos de idade, de acordo com um relatório de 2025 da Rede de Monitoramento de Autismo e Deficiências de Desenvolvimento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O relatório foi baseado em dados coletados em 16 locais nos Estados Unidos em 2022.
Já na Europa, os números são bem menos assustadores, indicando, ainda, incidência crescente em países como Noruega, Espanha e Itália, mesmo que em menor, mas destacam a de 1/806 em Portugal, sugerindo a necessidade de cautela na análise da questão. Infelizmente, não temos dados brasileiros publicados. Então, como ficamos?
Existem sim muitos diagnósticos não baseados em melhores práticas e, por assim dizer, não corretos. Como não existe um exame que diga ‘sim’ ou ‘não’, e os testes são caros e interpretativos, os profissionais qualificados são poucos. Dessa forma, ficamos nas mãos de uma “indústria do autismo”, como diz o dr. Becker com muita propriedade. Para isso, precisamos de muita informação e formação de profissionais, e é exatamente isso que a Fundação José Luiz Setúbal, através do Autismo e Realidade, se propõe a fazer.
No relatório americano, meninos são diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) com mais de três vezes de frequência do que meninas. No geral, o autismo foi menos comumente identificado entre crianças brancas não hispânicas do que entre crianças asiáticas.
No geral, o número de crianças relatadas dentro do espectro aumentou desde o início da década de 1990. O aumento nas taxas de autismo pode ser causado por diversos fatores. Por exemplo:
Crianças com diagnóstico de TEA não têm uma causa ou razão comum para a condição. Diversos fatores podem levar um indivíduo a ser identificado como autista, e atualmente, sabemos que:
No passado, apenas crianças com os sinais mais óbvios ou clássicos de autismo eram diagnosticadas. Mas, em 2013, os critérios diagnósticos para o autismo mudaram. Isso se baseou em pesquisas e na experiência clínica durante as duas décadas desde a publicação do DSM-IV em 1994. Agora, crianças com traços mais sutis estão sendo identificadas como pertencentes ao espectro autista.
Cada criança no espectro tem necessidades diferentes. Quanto mais cedo o autismo for identificado, mais cedo as famílias poderão acessar apoios e serviços precoces, adaptados às necessidades de seus filhos.
A Academia Americana de Pediatria recomenda que todas as crianças sejam examinadas para autismo nas consultas de rotina aos 18 e 24 meses. Pesquisas mostram que iniciar a intervenção precoce pode ajudar crianças e famílias a prosperarem ao longo da vida. A Sociedade Brasileira de Pedia não possui uma política específica sobre isso.
Além disso, crianças no espectro autista podem ter outras questões ou necessidades médicas que exigem avaliação e tratamento adicionais. Condições concomitantes comuns podem incluir convulsões, problemas de sono, problemas gastrointestinais (dificuldades de alimentação, dor abdominal, constipação e diarreia) e problemas de saúde comportamental, como ansiedade, TDAH, irritabilidade e agressividade.