O termo estresse se refere a um conjunto de reações frente a situações adversas, seja de ordem física ou psíquica. Apenas a partir do século XX, com os apontamentos iniciais do fisiólogo Walter Cannon, o estresse obteve uma explicação cientifica. Foi relatado que mediante situações ameaçadoras, reações orgânicas eram desencadeadas pelo sistema nervoso com o intuito de preparar o individuo para resposta de luta ou fuga.
Ou seja, o estresse seria uma resposta a um estímulo estressor causada por motivos ambientais ou internos de cunho emocional de cada indivíduo. Tendo em vista o natural desenvolvimento dos indivíduos, veem-se algumas situações que trazem estresse e angústia, naturalmente. Sendo assim, as crianças não estão livres de serem acometidas por situações de estresse.
O nascimento traz a sensação de fome, sede, frio até então desconhecidas pela criança. Com os anos, os desafios vão mudando como a introdução de alimentos sólidos, aprender a ler e escrever, o treino para ir ao banheiro e assim por diante. Com as novas experiências o individuo ganha a chance de aprender a lidar com as novas situações impostas pela vida. Ou seja, o estresse é uma consequência natural que está implícita ao viver.
O estresse infantil se torna um problema quando as crianças ficam apáticas e se irritam com facilidade. Os pais podem prestar atenção quando aquelas brincadeiras que antes animavam as crianças não fazem mais diferença. Alterações de comportamento como dificuldade de concentração nas aulas online, ansiedade e choro excessivo são sinais de estresse.
As crianças na maioria das vezes não sabem reconhecer que estão estressadas, por isso, os pais devem ficar atentos a essas alterações e conversar com seus filhos sobre as dificuldades enfrentadas. Admitir que momento é delicado, mas que com o poder da união familiar todos passaram pelas dificuldades juntos.
O estresse infantil durante a pandemia da Covid-19
Atualmente, muitos de nós estamos vivendo sob isolamento devido à pandemia da Covid-19. Trata-se de um isolamento familiar, no qual as crianças estão convivendo com seus pais e parentes próximos a maior parte do dia. Toda essa situação ocasiona diversas perdas, como a falta de convivência com os colegas da escola, a impossibilidade de andar e brincar ao ar livre, entre outras atividades.
Pela experiência em consultório particular verifico que o primeiro passo para atingir o equilíbrio emocional das crianças seria os pais se tornarem uma rede de apoio e uma referência para os pequenos.
Uma boa técnica em tempos de pandemia é abordar assuntos difíceis como perdas e o próprio estresse através das brincadeiras. Pelo lúdico as crianças se expressam melhor e não ficam intimidadas pela comunicação verbal. Por exemplo, por meio de uma brincadeira com fantoches que representam a família da criança, o adulto pode direcionar os assuntos a serem abordados usando o role-play da brincadeira.
Durante este período que estamos vivendo, um dos motivos de estresse infantil pode ser a fantasia sobre a doença. A imaginação das crianças pode levar a pensamentos de medo em ser infectado ou que algo ruim aconteça com os pais. Portanto, é dever da família informar as crianças sobre o que é uma pandemia, como alguém é infectado e, principalmente, como se prevenir.
Essas informações podem ser passadas através de um livro de estórias especificamente criado pelos pais de próprio punho, com desenhos e pequenas frases explicando com tópicos citados acima.
Outro possível motivo de estresse é o tédio. Geralmente as crianças seguem uma rotina estruturada quando estão frequentando a escola e fazendo suas atividades extras como natação ou cursos de idiomas. É recomendável, mesmo em isolamento, que os pais estruturem uma rotina familiar, com horários pré-determinados para estudo, brincadeiras e conversas.
Lembrando que a família deve se envolver e participar das brincadeiras junto com as crianças, na medida em que é possível desenvolver nos pequenos uma sensação de companheirismo e solidariedade.
Sabemos que é bastante comum os pais ficam preocupados com questões práticas, financeiras e de estruturação familiar. Mas fazer a ponte entre o mundo dos adultos e o mundo das crianças traz benefícios coletivos de diminuição do estresse entre todos da família.
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