Nos últimos dez anos, acompanho uma verdadeira batalha científica sobre o uso de medicação psicoativa em crianças e adolescentes. Com o consumo dela em alta, bem como de novas drogas que são lançadas com frequência, ainda há discussões acaloradas sobre a quantidade e a forma de uso dessas medicações.
As drogas psicotrópicas são comumentes prescritas para o tratamento de depressão, ansiedade, entre outros problemas de saúde mental em adultos. Porém, as crianças também usam essas drogas para tratar o TDAH e outros transtornos do humor.
Foram apresentados, na revista Pediatrics de outubro, dados de uma amostra nacional de mais de 43 mil crianças com idades entre 2 a 5 anos, que descobriu que o uso de medicação psicoativa atingiu o pico entre os anos de 2002 a 2005 e depois estabilizou de 2006 a 2009.
O aumento do uso foi encontrado em meninos, crianças brancas e entre aqueles que não possuem seguros privados de saúde. A probabilidade de receber um diagnóstico comportamental aumentou ao longo do período de estudo, mas isso não foi acompanhado por um aumento das taxas de prescrições psicotrópicas. Entre aquelas que tiveram um diagnóstico comportamental, o uso desses remédios diminuiu de 43%, de 1994 a 1997, para 29%, de 2006 a 2009. Essa diminuição pode ser o resultado de várias advertências da FDA, lançadas em meados da década de 2000, incluindo um aviso em 2004 do risco de suicídio entre crianças e adolescentes e, posteriormente, outro relacionado com a possibilidade de eventos cardiovasculares adversos e sintomas psiquiátricos.
Os autores do estudo concluem que novas pesquisas são necessárias para determinar a segurança do uso contínuo de medicamentos psicotrópicos e os efeitos a longo prazo que eles podem ter sobre os cérebros de crianças muito jovens e em desenvolvimento.
Continuo com minha opinião de muitos anos, ou seja, existem crianças que claramente não necessitam de medicamentos e outras que se beneficiariam. Porém, a grande maioria terá que ser analisada individualmente e acompanhada de maneira a ter toda a segurança, independente da opção (tratar ou não tratar). Mesmo com estes números, a gritaria dos prós e dos contras continuará.
Fonte: National Trends in Psychotropic Medication Use in Young Children: 1994-2009 | Pediatrics
Atualizado em 23 de maio de 2024