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Historicamente o dentista é visto como um vilão para aqueles que sofrem de dor de dente. Isso é muito injusto, afinal, mesmo que você tenha dado um azar danado no profissional que escolheu, na maioria das vezes a culpa de quem tem um problema odontológico é do dono do problema.
É comum recebermos pacientes no consultório reclamando do profissional. “Porque aquele dentista fez isso, aquele outro fez aquilo, aquele dentista quase me matou” e depois de oito profissionais visitados esse paciente aparece no consultório destilando sua indignação com o dentista da vez. Claro que existem profissionais com má formação técnica, às vezes incapazes para realização de alguns procedimentos. Porém, em muitas situações, por mais capacitado que seja o profissional escolhido, o procedimento é de difícil resolução. Isso é bem evidente quando trabalhamos com crianças e seus comportamentos normais para a idade, mas que são complicados no consultório do dentista. Isso é bastante comum em cirurgias odontológicas.
Por si só, a palavra cirurgia já traz um friozinho na barriga, quando é na gente então, nem se fala. Se a palavra é usada para ser realizada em um filho nosso, parece que o mundo desaba. Calma, cirurgias odontológicas nas crianças são complexas, mas não bichos de sete cabeças. Exceto, claro, se a criança for pequena demais ou o caso complexo a ponto de exigir uma internação hospitalar.
Cirurgias comuns no consultório infantil são exodontias (extrações), frenectomias (cirurgias do freio labial ou lingual), ulotomias e ulectomias (procedimentos para auxiliar a erupção de dentes que demoram a irromper), tracionamento de dentes impactados, remoção de dentes extranumerários ou supranumerários (dentes que excedem o número correto de dentes). Existem também as cirurgias necessárias para casos de traumas, mas não são tão comuns.
O que todo pai e mãe precisam saber é que mesmo as cirurgias sendo relativamente corriqueiras, elas demandam preparação e cuidados. Não são assim como cortar unhas e cabelo.
A criança precisa ser preparada emocionalmente e, muitas vezes, medicada previamente. Uma anamnese (questionário sobre a saúde do paciente) é fundamental. Condições clínicas adequadas são necessárias, e em determinadas situações, uma conversa com o pediatra da criança pode ser oportuna. É preciso saber que em uma cirurgia vai ter anestesia, agulha, bisturis, sangramentos, pontos de sutura, desconforto e, muitas vezes, dor.
Não, não pense que o dentista é aquele malvado, que possui instintos sanguinários e não respeita seu pequeno e a angústia dos pais. Muito pelo contrário, a preocupação com a saúde do seu bem mais precioso está em nossas mãos e não temos o básico direito do ser humano: errar. Compreendo bem isso, meus filhos são meus maiores tesouros e preservar sua saúde e bem-estar é tarefa de todo bom pai e mãe. Mas em certos momentos as cirurgias são inevitáveis. Nessa hora, peço sempre a luz que vem dos céus e a compreensão dos pais que estão ali para me apoiar, sem isso a tarefa será bem mais difícil.
Tenho comigo que cirurgia em crianças é um divisor de águas, a criança que se submete a um procedimento desse nível apresenta um crescimento emocional importante e faz com que ela desenvolva maturidade para as vicissitudes que a vida traz.
Leia também: Odontofobia: o medo de dentista
Por Dr. José Reynaldo Figueiredo, especialista em Odontopediatria, Odontologia para pacientes com necessidades especiais, Implantodontia e Habilitação em Odontologia Hospitalar e Laserterapia.
Atualizado em 19 de agosto de 2024
mensagem enviada
PARABÉNS VOCÊ REALMENTE É O THE BEST!
Adorei