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21/06/2015
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Qualquer um que vê uma criança pequena interagindo com um tablet ou mesmo um smartphone, fica impressionado pela facilidade que eles possuem desde cedo. Isto acontece pela sua interação intuitiva. Com cerca de cinco anos de lançamento dos primeiros tablets, começaram a surgir pesquisas para saber se estes equipamentos são úteis ou causam mal às crianças.

As crianças de hoje fazem parte da primeira geração a usar a tecnologia digital portátil desde o nascimento e que veio a ser conhecida como a Geração “App”.

De acordo com um estudo da Nielsen, mais de 70% das crianças com menos de 12 anos fazem uso regular deste tipo de equipamento. Uma pesquisa adicional realizada pela Common Sense Media, relatada pela Christian Science Monitor, descobriu que quase 40% das crianças entre as idades de dois e quatro anos são frequentemente encontradas com algum dispositivo móvel em suas mãos, como os tablets.

Mas quais seriam as possíveis repercussões deste uso? Numerosos estudos têm apontado para os possíveis efeitos colaterais da televisão ou jogos de videogame para algumas crianças. Mas e para os telefones celulares e tablets? A Academia Americana de Pediatria, em seu último congresso, em outubro de 2014, fez um debate entre dois estudiosos do assunto, como já comentamos em uma postagem anterior.

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Boston já opinaram sobre essas questões em um novo conjunto de recomendações publicadas na revista Pediatrics. Os dispositivos móveis estão em toda parte e as crianças estão usando-os com mais frequência em idades jovens. O impacto destes dispositivos móveis sobre o desenvolvimento e comportamento das crianças é ainda relativamente desconhecido. No entanto, os pesquisadores chegaram a uma série de conclusões inquietantes.

Eles disseram que as crianças menores de 30 meses não podem aprender com televisão e vídeos como o fazem a partir de interações da vida real. E o uso de um dispositivo móvel antes dessa idade em tarefas que não são de ensino pode ser prejudicial para o desenvolvimento socioemocional da criança.

Uma preocupação, de acordo com as recomendações, era como essa tecnologia poderia “interferir” com o crescente sentimento de empatia ou capacidade de resolver problemas de uma criança. As crianças adquirem a capacidade de brincar e interagir com seus pares e explorar seu entorno imediato. Se esses dispositivos se tornam o método predominante para acalmar e distraí-las, elas serão capazes de desenvolver seus próprios mecanismos internos de autorregulação? Esta, talvez, seja a pergunta que deva preocupar pais, educadores, sociólogos e a sociedade em geral.

No entanto, o cenário não é de todo ruim. Se um tablet é usado para fins educacionais – como a aquisição de vocabulário ou para ler livros eletrônicos – pode ajudar na educação de uma criança. Mas quando é ligado a material sem sentido, o que os pesquisadores chamam de “mundano”, pode ser prejudicial para as crianças.

Tem sido bem estudado que o aumento de uso dos equipamentos diminui o desenvolvimento de uma criança nas suas competências linguísticas e sociais. Mídias móveis usam de aspectos semelhantes e substituem a quantidade de tempo gasto para engajar-se em interação humano-humano diretamente.

Como se vê, ainda passará muita água por baixo da ponte antes que tenhamos várias das respostas destes questionamentos. Enquanto isso, recomendamos aos pais uma maior vigilância do tempo que seus filhos ficam em frente às telas e quanto ao conteúdo que estão usando e interagindo, sem deixar de estimular atividades com outras crianças e pessoas e, quando possível, ao ar livre.

Fonte: Washington Post 5 de ferreiro de 2015.

Atualizado em 8 de agosto de 2024

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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