Quando uma criança completa quatro anos, a maioria dos pais inicia a procura de uma escola. Para os pais de crianças com necessidades especiais, começa uma fase muito triste e difícil.
Boa parte das escolas dirão não ter mais vaga. Mesmo não estando lotadas, muitas escolas não tem lugar para crianças com alguma síndrome ou transtorno como o autismo, Down, entre outras.
A lei proíbe negar matrícula a alunos com deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento, mas instituições particulares afirmam ter número máximo de vagas para estudantes com deficiência.
A justificativa dos colégios é a dificuldade de receber várias crianças ou adolescentes com esse perfil, que demanda outros tipos de atenção.
Segundo artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo:
“A maioria das escolas, segundo especialistas, entende que não é sua missão atender alunos com deficiência. E nem toda necessidade de intervenção pedagógica, defendem, deve ser tratada da mesma maneira. Os pais devem denunciar esse tipo de prática ao Conselho Estadual de Educação ou ao Ministério Público. Entre as sanções possíveis, a escola pode ser multada.”
Em nota, o Ministério da Educação (MEC) destacou que nenhuma escola, pública ou particular, pode rejeitar matrícula de crianças com necessidades especiais. A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo também informou que não restringe o número de alunos com deficiência por sala e que, anualmente, amplia e atualiza as ferramentas de inclusão. Em todo o Estado, são mais de 65 mil estudantes com deficiência matriculados.
No blog do Autism Speaks foi publicado um comovente relato da experiência de uma mãe americana, Elizabeth North. Leia e se emocione:
“Amigo, eu lembro de estar no seu lugar, quando meu primeiro filho foi colocado na classe de inclusão. Eu me preocupei com ele. Eu me preocupo que ele possa dizer a coisa errada. Eu me preocupei que ele não conseguisse a atenção de que precisava. Aquela classe que tinha crianças com necessidades especiais identificadas e crianças cujas necessidades foram identificadas ao longo do ano. Eu posso te dizer que ele não foi o único que aprendeu, eu aprendi também.
Aprendi que ter um filho em uma classe de inclusão pode e significará que meu filho pode ter que esperar um pouco mais, eles podem ter que progredir um pouco mais devagar e eles podem sofrer com a frustração, mas aprendi como essas lições podem ser valiosas.
Aprendi que às vezes eu estava na sala de aula para festas ou para ajudar e às vezes ficava assustada pelo comportamento de outras crianças ou pela falta de autocontrole, mas também aprendi que isso me tornou uma mãe melhor. Aprendi a ter mais compreensão e empatia pelo que aquele pai estava passando. Também aprendi a sorte que tive por ter um filho bem típico.
Meu filho tirou lições valiosas que ele carrega até hoje. Ele é muitas vezes visto como parceiro ou líder por causa de sua capacidade de trabalhar com crianças que são diferentes.
Recentemente, aprendi sobre mais de um dos meus “amigos” que não querem que seus filhos frequentem aulas de inclusão. Talvez seja por razões semelhantes que segurei meu coração. Talvez você tenha seus próprios motivos. De qualquer forma, quero que você saiba que não julgo. Moro com minha filha e sei o quanto é difícil estar com ela. Eu sei o quão assustador é quando ela está tendo um colapso grave e que ela pode sobrecarregar outras crianças e adultos quando perde o autocontrole, eu entendo, mas quero contar um pouco sobre ela.
Então, amigo, eu entendo. Eu entendo que se você souber que seu filho foi colocado na classe de minhas filhas, você pode estar com medo ou até pior, você pode ligar e pedir ao seu filho para ser colocado de forma diferente. Entendi. É assustador. Eu não te julgo. Dito isto, vou dizer-lhe, se você escolher mudar o seu filho dessa classe, você estará perdendo. O seu filho estará perdendo a chance de aprender lições de vida valiosas que não só irão impactá-lo durante o próximo ano letivo, mas por muito tempo. Se eu fosse você, aproveitaria a oportunidade oferecida pela classe de inclusão. A oportunidade de crescer, a oportunidade de florescer, a oportunidade de viver uma vida melhor por ter uma criança deficiente nela.
Ainda assim, se você escolher que essa classe não é a correta para o seu filho, eu entendo. Entendi. Eu não julgo, mas peço que você tenha um momento para ensinar compaixão, empatia e compreensão ao seu filho, porque a escola não é apenas sobre livros ou testes tanto quanto o mundo exterior gostaria que você acreditasse. A escola tem a ver com o crescimento do conhecimento acadêmico e empático – e que melhor maneira de aprender do que praticá-lo todos os dias?”
Veja mais artigos no blog do Hospital Infantil Sabará:
- Desenvolvimento da fala: entenda os sinais e esteja preparado!
- Perda auditiva em crianças: como identificar e tratar
- Diagnóstico de autismo: entenda os níveis e os fatores de risco!
Fontes:
- https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,quantidade-de-alunos-com-deficiencia-por-turma-desafia-escolas-particulares,70002399257
- https://www.autismspeaks.org/blog/2018/07/11/what-being-inclusion-class-taught-my-daughter-autism
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Atualizado em 18 de dezembro de 2024