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Crianças pequenas e a exposição à tecnologia
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Crianças pequenas e a exposição à tecnologia

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12/01/2016
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É difícil andar num parque, ir a um restaurante ou andar por shoppings sem ver crianças pequenas com dispositivos móveis como tablets, smatphones ou videogames. Este é um dos assuntos que mais tem mobilizado os educadores, psicólogos, neurocientistas e pediatras no mundo inteiro.

Estudos recentes, como um realizado em 2013, têm revelado um “fosso digital” com base no nível social nos EUA, em se tratando da propriedade de dispositivos de mídia móvel por crianças, mas uma nova pesquisa indica que esta diferença diminui rapidamente. As crianças americanas pequenas, de baixa renda e de origem urbana, tiveram exposição quase universal para dispositivos móveis, com a maioria delas tendo seu próprio dispositivo a partir dos 4 anos de idade, de acordo com um estudo publicado na revista Pediatrics.

Pesquisadores entrevistaram pais de crianças em um centro médico acadêmico em uma comunidade de minorias de baixa renda, na Filadélfia, no final de 2014. Quase todas as famílias dos 350 pacientes tinham televisores (97%), e a maioria tinha tablet (83%) e smartphones (77%). Mais da metade tinha consoles de vídeo (56%), computadores (58%) e acesso à Internet (59%).

No geral, 97% das crianças tinham usado um dispositivo móvel. Em famílias de crianças menores de 2 anos de idade, a propriedade dos dispositivos móveis infantis supera a da televisão. Aos 4 anos, metade das crianças tinham a sua própria televisão, enquanto quase três quartos tinham seu próprio dispositivo móvel. O estudo cita custos decrescentes, estratégias de marketing e subsídios de operadoras de telefonia celular como possíveis fatores que contribuíram para esta situação.

Outros dados: quase a metade (44%) das crianças menores de 1 ano de idade haviam utilizado um dispositivo móvel diariamente para jogar, ver vídeos, ou usar aplicativos. O percentual aumentou para 77% em crianças maiores de 2 anos. Pouco mais de um quarto (28%) das crianças de 2 anos não precisa de qualquer ajuda para navegar em um dispositivo de mídia móvel, e 61% precisava de ajuda às vezes. Quase a metade (43%) das crianças de 4 anos nunca precisa da ajuda e metade gostava de usar múltiplas plataformas de mídia ao mesmo tempo.

Os pais relataram deixar as crianças brincarem com dispositivos móveis para fazer tarefas (70%), para manter a criança calma em lugares públicos (65%) e 28% usaram um dispositivo móvel para colocar seus filhos para dormir.

Creio que no Brasil os números são menores e, provavelmente, ainda tenhamos o “abismo social” verificado na pesquisa americana em 2013. Mas não deve ser muito diferente, principalmente nas classes mais altas.

Como se vê, a alta proporção de crianças com o seu próprio dispositivo móvel é particularmente preocupante, porque pouco se sabe sobre como a atividade independente das crianças em dispositivos móveis afeta seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional.

Leia também: Tablets e smartphones: não para bebês

Fonte: Pediatrics October 2015. Exposure and Use of Mobile Media Devices by Young Children.

As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.

Atualizado em 28 de agosto de 2024

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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