Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

“Diga-me o que vês, que te direi quem és”.

internet

Hoje, enquanto você estava navegando na internet, quantas vezes foi surpreendido(a) por algum conteúdo que fazia alusão à comida, corpo e imagem?

Se puder prestar atenção (a internet tem essa competência assustadora de nos apresentar coisas que se quer nos damos conta de que vimos, tamanha aceleração e velocidade de informação ofertada), você verá que é constantemente encharcado(a) por elementos que, geralmente, dialogam de forma profunda com aquilo que é questão para si mesmo.

É recorrente escutar o quanto o algoritmo oferece informações díspares e conflitantes entre si, mas justamente sobre aqueles elementos que produzem maior desconforto para a cada um de nós. Alguém que tem muito receio de ter um câncer, será inundado por conteúdos a respeito da doença. Uma outra pessoa que se vê grávida, terá imediatamente sua página da rede social abarrotada de conteúdos, dos mais diversos, sobre gestação e parto.

Faça o teste você mesmo(a): pergunte para quem está ao seu lado o que ele(a) tem visto nas redes sociais e, rapidamente, você descobrirá, através dessa resposta, as maiores angústias daquela pessoa.

Como já nos contava o título de um filme antigo: “medos privados em lugares públicos” são os maiores temores que se revelam na página inicial da sua rede social. Mas, se somos bombardeados por aquilo que mais tememos, como fazer uso desse material a nosso serviço?

O que fica cada vez mais evidente é que o excesso de informação cega as perguntas e respostas internas, pois se constroem muralhas morais que chegam para nós antes mesmo da possibilidade de reflexão. Se você quer saber qual a forma “correta” de se alimentar, terá um vasto cardápio de opções – e serão todas conflitantes entre si.

Sejamos sinceros, se você buscou na internet essa informação, muito provavelmente ela já é uma pergunta dentro de você mesmo. O difícil é que as respostas têm efeito inverso daquele desejado, pois apenas produzem aproximação com o mal-estar, não nos livram dele; até porque a resposta supõe haver uma porção de manuais para a vida, e manuais são sempre datados pelo seu tempo e contexto social.

Não há protocolo para estarmos no mundo e, talvez, seja justamente essa dimensão de angústia que o algoritmo não tolere saber nem mesmo nos contar. “O cérebro eletrônico comanda, manda e desmanda, mas ele não anda…

“Só eu posso pensar de Deus existe, só eu”. (Gilberto Gil)

Deixemo-nos guiar pelo poeta.

As respostas para as angustias da vida não são encontradas nas redes sociais, mas sim, dentro de nós mesmos.

Sair da versão mobile