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Muitas pessoas pensam que valores estão atrelados simplesmente ao conceito de religião. Eu diria que vai além, pois correspondem a outras maneiras de organização, como educação, cultura, regras e condutas que fazem parte das relações humanas. Podemos definir que valores são os princípios, as formas que as pessoas ou as famílias escolhem para interagir com o outro.
Esta semana soube de um caso bastante interessante no que diz respeito à transmissão de valores e, como gosto de refletir, pensei em escrever sobre este tema que é tão desprezado.
Uma avó, preocupada com os afetos de seus netos, resolveu ensiná-los o que é pedir bênção. Um deles lhe perguntou se tal expressão era de outra língua. Curioso, não é?
O fato é que cada família define como seus valores o que considera relevante nas relações de qualquer ordem: conceitos de respeito, de crenças, atitudes de afeto, atitudes políticas, conceitos de amizade, enfim, os diversos modos e olhares de cada um que afetam o dia a dia.
Nos dias de hoje, com a extensão dos horários de trabalho dos pais, ou devido às diferentes necessidades econômicas, fica ainda maior a responsabilidade da escola, pois muitos responsáveis se eximem da função de educar seus filhos e a projeta nos professores. O comportamento dos pais, entretanto, revela aos filhos seus valores, que a partir da convivência passam a reproduzi-los inconscientemente. A escola, por sua vez, pode e deve relembrar aos alunos de algumas regras e princípios éticos, mas estes já devem fazer parte da “mochila”, do material consciente da criança trazido de casa.
Mesmo havendo cumplicidade entre escola e família, pois a escola é a segunda instituição a receber a criança, é fundamental que os pais tenham claro que a qualidade da relação com seu filho é de sua total responsabilidade e não cabe terceirizá-la à escola.
Segundo Jung em seu livro “O desenvolvimento da personalidade”, a criança armazena um conjunto de experiências em sua estrutura ainda inconsciente, para que futuramente as perceba como provenientes de alguma entidade, os pais ou o professor. Por isso, a escola é corresponsável pelo desenvolvimento dos jovens, há uma correspondência direta entre a psique deste adulto e a da criança. Professor forma consciências!
Para terminar este texto, desejo de verdade que os pais também reflitam a respeito de valores, de conceitos de amizade, gentileza, solidariedade, responsabilidade e outros procedimentos da vida, porque o professor participa da vida acadêmica, social e cultural do aluno, entretanto, é na família ou na relação pai e filho, ou mãe e filho, que se constitui verdadeiramente a Educação.
Pense nisso!
Leia também: Do conhecimento ao afeto
Por Liliam Abrão Martins, professora de Ed. Fundamental I, Educação Infantil, Psicopedagoga e Analista Junguiana
Atualizado em 19 de agosto de 2024
mensagem enviada
Olá Liliam!
Excelente artigo, expressa exatamente o que penso! Parabéns.
Beijo.
Muito bom Lilian.
Parabéns!