A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima seis milhões de novos casos de sífilis por ano, sendo a maioria em países em desenvolvimento, onde essa infecção é considerada endêmica. Nos últimos anos, o Brasil registrou um aumento generalizado de ISTs, inclusive nas faixas etárias mais velhas. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE, foram registrados 1 milhão de novos diagnósticos em 2019. A sífilis, por exemplo, passou de uma taxa de 59,1 casos a cada cem mil para 78,5, em 2021, e as novas infecções por HIV, que estavam em queda no país, desaceleraram a redução e passaram a subir de 2019 para cá.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, na última década, mais de 52 mil jovens que tinham HIV passaram a desenvolver Aids. Enquanto isso, o uso de preservativos nesta faixa etária caiu de 47%, em 2017, para 22%, em 2019. Embora o número de novos casos de ISTs avance entre adolescentes e jovens de todos os gêneros e orientações sexuais, ele afeta desproporcionalmente aqueles que se identificam como homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans em todo o mundo, consideradas populações-chave para as ações de saúde.
Como pais, é importante manter a comunicação aberta com seus filhos adolescentes sobre saúde sexual. Se o seu filho(a) adolescente for sexualmente ativo, ele(a) corre o risco de contrair ISTs, também conhecidas como Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Elas podem ser causadas por bactérias como clamídia, gonorreia e sífilis, juntamente com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), papilomavírus humano (HPV) e do vírus herpes simplex (HSV).
Fazer exames para DSTs é importante quando os adolescentes são sexualmente ativos. Isso ocorre porque elas geralmente não apresentam sinais ou sintomas. No entanto, se não forem tratadas, algumas podem causar infertilidade e aumentar o risco de outras infecções. Os testes de rotina também são importantes para grávidas de todas as idades, uma vez que algumas ISTs podem causar nados-mortos ou levar a infecções no bebê.
Vírus da imunodeficiência humana (HIV)
O HIV ataca o sistema imunológico. Quando não tratado, ele pode resultar na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Por isso, se você passou por uma situação de risco, como ter feito sexo desprotegido ou compartilhado seringas, faça o teste anti-HIV. O diagnóstico da infecção é feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral. No Brasil, temos os exames laboratoriais e os testes rápidos, que detectam os anticorpos em cerca de 30 minutos. Esses testes são realizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e podem ser feitos de forma anônima. Nesses centros, além da coleta e da execução dos testes, há um processo de aconselhamento para facilitar a correta interpretação do resultado pelo(a) usuário(a).
O teste de HIV deve ser feito com regularidade e sempre que o indivíduo tiver passado por uma situação de risco, como realizar sexo sem camisinha. É muito importante ter a confirmação do diagnóstico para buscar tratamento no tempo certo, possibilitando melhor qualidade de vida. Procure um profissional de saúde e informe-se sobre o teste.
Além disso, as gestantes devem fazer o teste de HIV na primeira consulta pré-natal.
Que testes a gestante deve realizar no pré-natal?
- Nos três primeiros meses de gestação: HIV, sífilis e hepatites.
- Nos três últimos meses de gestação: HIV e sífilis.
- Em caso de exposição de risco e/ou violência sexual: HIV, sífilis e hepatites.
- Em caso de aborto: sífilis.
Os testes para HIV e sífilis ainda devem ser realizados no momento do parto, independentemente de exames anteriores. O teste de hepatite B também deve ser realizado no momento do parto, caso a gestante não tenha recebido a vacina.
Clamídia
A clamídia pode afetar homens e mulheres. É uma IST bastante comum. Quando não tratada, pode causar danos graves aos órgãos reprodutivos femininos. De forma geral, o diagnóstico da clamídia pode ser feito por três tipos de exames laboratoriais: cultura de material biológico, exame de sangue e por PCR (reação em cadeia da polimerase).
Gonorreia
A gonorreia é outra IST comum, especialmente em pessoas entre 15 e 24 anos de idade. Afeta homens e mulheres. O exame mais abrangente é o Platinum Screen, que utiliza amostras de sangue e urina para detectar HIV, Clamídia, Gonorreia, Sífilis, Herpes tipo I e II, Hepatite B, Hepatite C, Tricomonas, Micoplasma e Gardnerella.
Sífilis
Embora seja facilmente tratada com antibióticos, a sífilis pode causar sérias complicações de saúde se não for tratada. Os médicos geralmente usam um exame de sangue para verificar se há sífilis. Às vezes, eles usam fluido de uma ferida. Ela é uma infecção de caráter sistêmico, curável e exclusiva do ser humano, causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum. O diagnóstico é habitualmente feito através de dois exames sorológicos: VDRL (ou RPR) e FTA-ABS (ou TPHA).
Verrugas genitais/papilomavírus humano (HPV)
O papilomavírus humano (HPV) é a IST mais comum e, infelizmente, isso ocorre mesmo existindo uma vacina que previne a doença. Existem muitos tipos diferentes de HPV. Para a maioria das pessoas, a infecção desaparece sem tratamento. Na verdade, as pessoas que têm geralmente não sabem pois nunca apresentaram sintomas.
Quando o HPV não desaparece, pode causar verrugas genitais ou câncer cervical e outros tipos de câncer. É assim que algumas pessoas descobrem que estão infectadas. Os tipos de HPV que causam verrugas genitais não são os mesmos que podem causar câncer.
Se o seu filho(a) adolescente tiver verrugas genitais, o seu médico provavelmente será capaz de diagnosticar o HPV observando-as. Às vezes, uma amostra é coletada para testes de laboratório. Também existem testes de HPV para rastrear o câncer cervical, mas não são recomendados para homens, adolescentes ou mulheres com menos de 30 anos.
Herpes genital
O herpes genital é outra IST bem comum. Pode ser causada por dois tipos de vírus: vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1) e vírus herpes simplex tipo 2 (HSV-2).
A maioria das pessoas não sabe que tem herpes porque não apresenta sintomas ou seus sintomas são tão leves que elas nem percebem. Mas mesmo quando você não apresenta sintomas, ainda pode transmiti-lo.
Os estudiosos em ISTs, principalmente em HIV/Aids, destacam que hoje os preservativos continuam desempenhando um papel vital na prevenção dessas infecções, mas não são os únicos: existem outros métodos de prevenção. Um dos meios mais eficazes para o combate às ISTs entre os jovens é a educação. Confira cinco medidas para prevenção:
- Na escola: a promoção de programas educativos em escolas e diálogo com o público jovem para fornecer informações precisas e relevantes sobre sexualidade, riscos e prevenção é fundamental.
- Em casa: encorajar o diálogo aberto entre pais e filhos pode desmistificar tabus e disseminar conhecimento confiável.
- Uso das profilaxias pré (PrEP) e pós (PEP) exposição. Tanto a profilaxia quanto os preservativos são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
- Vacinação, especialmente contra HPV. Em 2022, o país apresentou as menores taxas de cobertura vacinal de HPV, tanto em meninas quanto em meninos de 9 a 14 anos.
- Campanhas de conscientização e ações junto às populações mais vulneráveis para o risco de ISTs e durante o Carnaval, para o público jovem, e no Dia Mundial de Combate ao HIV/Aids, no dia 1˚ de dezembro.
Fontes:
Academia Americana de Pediatria (Copyright @ 2023)
https://www.medicina.ufmg.br/ists-avancam-entre-os-jovens-e-mostra-reducao-no-uso-de-preservativos/
https://www.saude.df.gov.br/hiv-aids-diagnostico-e-tratamento
Saiba mais:
https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/os-perigos-do-hpv/