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Adolescentes não são questionados sobre sua saúde sexual e reprodutiva
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Adolescentes não são questionados sobre sua saúde sexual e reprodutiva

Adolescentes não são questionados sobre sua saúde sexual e reprodutiva

28/10/2020
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Raramente os adolescentes vão ao pediatra, e mais raramente ainda têm um hebiatra ou um médico especializado na medicina do adolescente. Sempre gostei de atender adolescentes em minha vida profissional, mas nunca tirei o título de hebiatra, embora tenha feito muito cursos para atendimento desta faixa etária. Para atendê-los é necessário uma série de precauções e medidas e muitas vezes os pais não gostam, por exemplo uma parte da consulta pode ser somente com o jovem, sem a presença do pai ou da mãe. E, é claro, o sigilo será garantido. Geralmente o questionamento da saúde sexual faz parte da anamnese do adolescente, assim como o exame físico de genitais, sempre com a presença de algum adulto.

Neste trabalho apresentado na Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria os pesquisadores chegaram à conclusão que os pediatras não questionam a saúde sexual dos seus pacientes analisando dados sobre 826 adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, da Pesquisa Nacional de Saúde e Comportamento Sexual de 2018 – uma pesquisa online representativa nacionalmente. Os adolescentes que consultaram um profissional de saúde no ano passado foram questionados se haviam discutido seis tópicos de saúde sexual e reprodutiva.

Os resultados desta pesquisa mostraram:

  1. 52% discutiram ser sexualmente ativo
  2. 36% não discutiram tópicos de saúde sexual / reprodutiva
  3. 32% foram aconselhados sobre prevenção de gravidez ou doenças sexualmente transmissíveis (IST)
  4. 13% discutiram identidade sexual
  5. 8% discutiram dificuldades sexuais
  6. 7% receberam um teste de DST e
  7. 2% discutiram todos os tópicos

As discussões de cada tópico ocorreram na mesma proporção para homens e mulheres, mas houve diferenças com base na identidade sexual, idade e raça. Aproximadamente 7% dos adolescentes que se identificaram como minoria sexual foram questionados sobre sua identidade sexual, em comparação aos 14% dos adolescentes heterossexuais. Os dados também mostraram que adolescentes mais velhos eram mais propensos a serem questionados sobre serem sexualmente ativos e prevenir a gravidez e DSTs do que os adolescentes mais jovens. Os adolescentes de minorias raciais e étnicas foram significativamente mais propensos a serem questionados sobre quase todos os tópicos de saúde sexual e reprodutiva do que os adolescentes brancos.

Os autores observaram que a taxa de discussões ficou muito abaixo das metas federais da HealthyPeople 2020 para prevenção de gravidez e triagem de DST/ HIV. Eles sugeriram a implementação de intervenções no nível da prática para padronizar a triagem de saúde sexual e reprodutiva em todos os encontros com adolescentes para prevenir resultados adversos como DSTs e gravidez indesejada.

Como esses resultados são facilmente evitáveis, mas podem contribuir para a fertilidade ao longo da vida e os desafios econômicos e de saúde física se não forem controlados, é imperativo que os adolescentes tenham acesso contínuo a cuidados de saúde sexual e reprodutiva.

No Brasil, com altas taxas de gravidez na adolescência e com alta incidência de DST o questionamento da saúde sexual e reprodutiva deveria ser uma boa prática, bem como a orientação de métodos contraceptivos e de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, e também, é claro, da vacina contra HPV.

Saiba mais:

Fonte: 2020 American Academy of Pediatrics National Conference

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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