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Materiais odontológicos, o que os pais precisam saber
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Materiais odontológicos, o que os pais precisam saber

Materiais odontológicos, o que os pais precisam saber

06/04/2017
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Recebi do Dr. José Luiz Setúbal, o maior entusiasta do Blog Saúde Infantil, uma sugestão de um blog de um dentista americano.

A princípio fiquei meio receoso, a Odontopediatria nos Estados Unidos tem um diferencial grande daquela praticada aqui no Brasil, seja pela condição socioeconômica da população americana ou pela formação dos profissionais de lá. Não que seja ruim, pelo contrário, ela é espetacular, e em minhas experiências pelas terras ianques aprendi bastante com meus colegas americanos, mas existem singularidades que não conseguimos acompanhar. Meu colega americano de Dallas, por exemplo, foi me receber no aeroporto na sua Ferrari… Deu pra sentir a diferença?

Mas olhando o blog do dentista da Califórnia veio a ideia de escrever um tema que é bastante questionado pelos pais no meu consultório: que material eu utilizo.

Vamos começar pelos materiais de prevenção:

  • Flúor: o mais conhecido agente de prevenção das cáries. O flúor é um mineral encontrado na natureza que ajuda a prevenir as cáries e, em certos casos, a reparar cáries ainda incipientes. Ele pode ser aplicado em solução (líquido), em gel, espuma ou verniz. Não costumo mais usar em forma de gel, mas de espuma e verniz utilizo bastante. Para crianças pequenas, aplico com escovas e, nas maiores, com uma moldeira apropriada. Recomendo as soluções para bochecho nas prescrições adequadas para cada idade e necessidade.
  • Selante: o selante é uma resina fluida que, quando polimerizada, reveste o dente nas regiões dos sulcos e fissuras, aquelas ranhurinhas que retém alimentos, principalmente os pegajosos. Olhe para os dentes do fundo de seu filho depois de ele comer um biscoito de chocolate ou brigadeiro, você vai notar nitidamente os sulcos nos dentes posteriores. É ali que o selante vai proteger. Apesar das controvérsias de alguns profissionais na utilização de selantes dentários, estudos demonstram que juntamente com a utilização de fluoretos, eles são capazes de promover até 80% na prevenção das cáries. Um ponto importante, a saber, é que os selantes não são eternos, devem ser vistoriados regularmente para evitar falhas em suas estruturas e complicações de infiltração que podem resultar em cáries.
  • Pastas profiláticas: ajudam na remoção do biofilme (placa bacteriana), são de fácil utilização e com gostinho bom para crianças.

Agora os materiais restauradores:

  • Resinas: as resinas chegaram no início dos anos 1960 e revolucionaram a odontologia com a possibilidade de melhorar a estética das restaurações dentárias, eram chamadas de “amálgama branco”, mas no início não foi bem assim. A qualidade não era tão boa e traziam problemas de durabilidade. Nos dias de hoje, as resinas de última geração são produtos confiáveis, com grande aceitação dos clientes e acessíveis para quase todos os pacientes. A colocação da resina no dente necessita de uma técnica apurada e da cooperação das crianças por um período mais longo na cadeira do dentista.
  • Cimento de ionômero de vidro (CIV): material de altíssima qualidade e usado com frequência na odontopediatria, o CIV tem ótimas propriedades, pode ser utilizado como restauração temporária (em alguns casos como definitiva), como forramento (proteção da polpa – canal), cimentação de bandas ortodônticas e coroas, selante de sulcos e fissuras, entre outros. O selante ainda tem uma propriedade importantíssima na odontopediatria: libera flúor, por isso apresenta menos chances de infiltração. Infelizmente, os CIV não são tão resistentes como as resinas.
  • Amálgama: velho conhecido dos dentistas, o amálgama teve seu auge no século 20, mas apesar de suas ótimas qualidades caiu em desuso por sua estética desagradável e políticas restritivas ao uso do mercúrio, ainda que muitos estudos científicos de qualidade não tenham conseguido comprovar que o mercúrio do amálgama provoque toxicidade em seres humanos. Utilizo o amálgama em poucas situações. Em crianças com deficiências que apresentam descontrole motor, o amálgama pode ser uma excelente alternativa para restauração onde o fator estético não seja primordial.
  • Coroas de aço, zircônia ou acetato: são alternativas para casos de grande destruição dentária. As coroas de aço são bastante úteis, mas caem no mesmo problema estético do amálgama, além de serem de difícil aplicação em pacientes não colaboradores, pois demandam tempo para sua colocação. As coroas de acetato são ótimas no auxílio de reconstrução das coroas dentárias destruídas dos dentes anteriores, tem ótimo custo-benefício para o paciente. As coroas de zircônia são sensacionais, porém com um alto custo no mercado.

Outros materiais

  • Filmes radiográficos
  • Pastas para obturação de canais
  • Fios de sutura para cirurgias
  • Anestésicos e pomadas tópicas

Observação: não são utilizados implantes em odontopediatria.

Como se vê, a variedade de produtos é grande, a qualidade do produto que o profissional utiliza é importante, mas o grande material que o dentista pode oferecer a suas crianças é o carinho na atenção e a percepção de que procedimentos bem conduzidos na infância promoverão ótimos sorrisos pela vida.

Leia também: Odontofobia: o medo de dentista

Por Dr. José Reynaldo Figueiredo, pai da Marina e do Lucas. É responsável pela Clínica Sorrisos Especiais (sorrisosespeciais.com.br). Presidente da Associação Brasileira de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais – ABOPE. Especialista em Odontopediatria, Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais e Implantodontia. Mestre em Odontologia Social e Doutor em Ciências Odontológicas, pela FOUSP. Escreve para o Portal Local Odonto, adora correr maratonas e ser dentista de crianças.

Atualizado em 16 de outubro de 2024

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