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Os pais das crianças no consultório do dentista
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Os pais das crianças no consultório do dentista

Os pais das crianças no consultório do dentista

14/01/2015
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De todos os nossos bens conquistados durante a vida, existe um tesouro maior que não tem preço, que é inegociável em qualquer circunstância e que damos a vida por ele: nossos filhos (alguns diriam: também nossos netos).

Não há como negar que essas criaturinhas, seja qual for a idade delas, para nós pais, sempre serão crianças. Lembro-me de minha avó, já velhinha, quando íamos visitá-la, perguntávamos: “E aí, Vó, tem muita gente vindo aqui?” A resposta era: os “meninos” têm vindo pouco. Os meninos eram meus tios e meu pai, e “meninos” era uma expressão para designar adultos beirando os sessenta anos. Para os pais não existe essa divisão cronológica: filhos sempre serão filhos. O que, obviamente, não nos impede de tratá-los de acordo com seu crescimento e desenvolvimento.

No consultório odontológico de crianças, os pais exercem uma função básica, essencial, que é de levar os filhotes nas consultas. Não me lembro, em mais de trinta anos de profissão, de que uma criança tenha ido ao consultório sem a presença de um adulto responsável. Os adolescentes já são outra história. Esses, às vezes, nem querem que os pais apareçam. Ir ao dentista sozinho é um sinal de independência importante. Hoje em dia, por exemplo, crianças que tratei há anos já vem dirigindo seus carros, isso quando não trazem seus próprios filhos, ai, ai, ai, como esse tempo passa.

Voltando aos pais, a presença deles no consultório muitas vezes é fundamental. No apoio psicológico e segurança para as crianças pequenas, e mesmo no apoio ao profissional. Em minha época de estudante, mesmo nos cursos de especialização, os pais raríssimas vezes acompanhavam os filhos na sala, os professores alegavam que as crianças ficavam manhosas e não permitiam o tratamento. Até a página 10 do livro, isso é verdade, mas as variáveis são tantas que isso não pode se tornar uma norma, muito pelo contrário, na maioria das vezes prefiro os pais juntos ali, na hora do tratamento, vendo como estou agindo com seu filho, até para que a confiança aumente entre as partes.

Mas, como eu disse, as variáveis são inúmeras. Às vezes, os pais são mais inseguros que as crianças, às vezes falam coisas em horas indevidas, por exemplo: “se você não ficar quieto seu dentista vai te dar uma injeção”. Nossa, quero morrer quando ouço tamanho disparate, tenho vontade de anestesiar o infeliz que fala isso, para ver se fica de boca fechada, claro, com todo respeito, mas estou ali tentando conquistar a confiança da criança e me deparo com uma pérola dessas.

Outra situação é a dos pais superprotetores, e olha que me encaixo bem no caso, esses ficam tão aflitos e fazem perguntas tão fora de hora que também vou lhes contar. “Doutor, vai doer, vai sangrar muito?” Isso ocorre até quando você vai passar um flúor, a criança nem imaginava a possibilidade disso ocorrer, mas pensa “se minha mãe está preocupada eu também vou ficar”. Claro que os pais precisam se preocupar, mas calma, tem jeito para falar as coisas perto das crianças.

Por outro lado, tem os pais alienados. Não sei se por causa dessa vida moderna que o mais importante é o Whatsapp ou o Facebook. Você vai dar uma informação, olha para o pai ou mãe e eles estão ali curtindo, zapiando ou sei lá o quê. Claro que sei que tem horas que a gente precisa mandar uma mensagem, ou receber um recado, mas toda hora? Vamos combinar, isso já está passando o limite do tolerável. Se a informação for para dizer que os dentes estão mal higienizados, então… Tem pai que nem entra na sala, entrega o filho e diz: cuida! Cuido com todo o carinho, mas os pais também precisam ouvir.

Mas posso me considerar um profissional bem realizado, a maioria dos pais que levam os filhos ao consultório são bem participativos e entendem bem o momento da consulta, e me auxiliam diretamente no cuidado dos filhos. Muitos entendem que o tratamento odontológico é uma parceria entre os pais e o profissional, mais ou menos como quando levam os pequenos para a escola. Não adianta nada você orientar sobre cuidados com a saúde bucal e em casa nem se lembrar disso, ou a criança estuda o dia inteiro para prova e tira nota baixa, tem coisa errada.

Por isso, meus queridos pais, vocês que amam suas crianças, não percam a oportunidade de participar com elas das visitas ao dentista. Além de ser um momento importante para o tratamento, é também um momento de crescimento pessoal dos nossos tesouros, que nem sempre podemos estar presentes. Ou vocês não adorariam estar sentados lá no fundo da sala de aula, só olhando o que seu baby faz?

Leia também: Odontofobias: o medo de dentista

Por Dr. José Reynaldo Figueiredo, especialista em Odontopediatria, Odontologia para pacientes com necessidades especiais, Implantodontia e Habilitação em Odontologia Hospitalar e Laserterapia.

Atualizado em 22 de julho de 2024

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