Gosto sempre de mencionar que somos uma Fundação sem fins lucrativos e que tem como objetivo maior a saúde infantil.
Na minha vida profissional, desde a faculdade, atendi pessoas carentes. Na Santa Casa dos anos 70, na era pré SUS, atendíamos pessoas sem nenhum recurso graças ao poder da Misericórdia que move as Santas Casas pelo Brasil inteiro. Fiz toda minha carreira na medicina suplementar e há quase 15 anos me dedico ao terceiro setor, ou seja, basicamente às ações de filantropia. Quis o meu destino que fosse Provedor da Santa Casa de SP por 2 anos, quando pude acompanhar mais de perto o descalabro da saúde pública no Brasil todo. Nessa época também pude tomar conhecimento de projetos muito interessantes que são feitos.
Essa introdução me veio à cabeça quando li o artigo “Efeitos adversos das expansões de Medicaid para Adultos no Uso de Serviços Preventivos das Crianças” na edição de dezembro de 2017 da Pediatrics. As crianças de famílias de baixa renda cujos pais estão matriculados em Medicaid (uma espécie de SUS para pessoas de alta vulnerabilidade nos EUA) são mais propensas a receber o mesmo número de visitas recomendadas para crianças de famílias bem-sucedidas.
O estudo examinou cerca de 50 mil pares pais-filho e seu estado de saúde. Os pesquisadores descobriram que a matrícula dos pais no Medicaid foi associada a uma probabilidade 30% maior da criança receber pelo menos uma visita anual de um profissional de saúde infantil. Essas visitas servem como a principal plataforma para a prestação de serviços preventivos, e as crianças que recebem essas visitas têm uma chance bem maior de completar o esquema de vacinação e são menos propensas a internações evitáveis.
Os EUA são o país mais rico do mundo, mas sua saúde é basicamente privada, tendo direito à medicina pública (Medicaid ou Mediccare) crianças menores de 6 anos, idosos e famílias que vivem abaixo da linha da pobreza. O chamado Obamacare visava colocar mais pessoas dentro desse sistema, incluindo um maior número de pessoas vulneráveis. Como fica demonstrado, seja nos EUA ou no Brasil, precisamos apoiar mais a prevenção e promoção da saúde.
Leia também: Colaborando com a saúde pública
Fonte: Pediatrics December 2017
Spillover Effects of Adult Medicaid Expansions on Children’s Use of Preventive Services
Maya Venkataramani, Craig Evan Pollack, Eric T. Roberts
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.
Atualizado em 18 de novembro de 2024