Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

Retinoblastoma, um câncer raro que pode ocorrer nos olhos das crianças

O apresentador Tiago Leifert e sua esposa, a youtuber Daiana Garbin, revelaram no final de janeiro, em vídeo publicado no Instagram, que a filha dos dois, Lua, está com um câncer raro nos olhos, chamado retinoblastoma.

O que é retinoblastoma?

O retinoblastoma é o tumor intraocular mais comum da infância e corresponde de 2,5% a 4% de todas as neoplasias pediátricas, embora seja bem raro. Foi o primeiro câncer a ser descrito como uma doença genética. Ele surge da retina, o tecido nervoso na parte de trás do olho que é sensível à luz. Graças aos avanços no diagnóstico e tratamento, mais de 95% das crianças com retinoblastoma contido no olho podem agora ser curadas.

O retinoblastoma, geralmente, é diagnosticado antes dos 2 anos de idade e mais de 90% dos casos são diagnosticados aos 5 anos – é igualmente comum em meninos e meninas. Tumores podem estar presentes em um ou ambos os olhos e raramente se espalham para outras partes do corpo e podem ser herdados dentro de uma família ou podem ocorrer em uma criança sem histórico familiar da doença. O retinoblastoma é raro – cerca de 250-300 crianças nos Estados Unidos são diagnosticadas a cada ano. No Brasil, a única estatística que encontrei é de 2010, em um artigo intitulado “Cancer incidence among children and adolescents in Brazil: first report of 14 population-based cancer registries”. A publicação revela que a incidência de retinoblastoma no Brasil é o dobro da registrada nos Estados Unidos e na Europa.

O principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria, um reflexo branco na pupila conhecido como olho de gato. Em outras palavras, trata-se do reflexo da luz sobre a superfície do próprio tumor. Esse sinal, muitas vezes, só pode ser notado em algumas posições do olhar, à luz artificial quando a pupila estiver dilatada ou em fotos quando a luz do flash bate sobre os olhos. Outros sinais e sintomas do retinoblastoma, que podem acometer somente um ou os dois olhos, são: estrabismo (olhar vesgo), fotofobia (sensibilidade exagerada à luz), dificuldade visual e proptose. Não há como prevenir, mas o diagnóstico precoce é fundamental.

As crianças com retinoblastoma recebem tratamento de uma equipe multidisciplinar de oncologistas, oftalmologistas, radiologistas intervencionistas e outros subespecialistas com experiência em retinoblastoma. O Sabará Hospital Infantil e o A.C. Camargo Cancer Center mantem uma parceria para um programa integrado de oncologia pediátrica, que oferece todos os serviços de um centro de câncer líder e de um hospital pediátrico de renome para o atendimento de crianças com todos os tipos de câncer.

Como falamos acima, o tratamento pode levar a cura em até 95% dos casos. As diferentes abordagens terapêuticas possíveis serão mencionadas a seguir:

  1. Cirurgia de enucleação;
  2. Tratamentos locais como laserterapia e crioterapia são usados, geralmente, para tumores pequenos em combinação com quimioterapia;
  3. Quimioterapias intravítrea e intra-arterial;
  4. Quimioterapia intravenosa;
  5. Radioterapia;
  6. Transplante autólogo de medula óssea.

O manejo destes pacientes deve acontecer em centros especializados e de referência, que disponham dessas modalidades e equipe multidisciplinar familiarizada para o acesso mais rápido ao tratamento assim como abordagem mais adequada.

Novos tipos de tratamento estão sendo testados por meio de ensaios clínicos. Um ensaio clínico é um estudo de pesquisa destinado a ajudar a melhorar os tratamentos atuais ou a obter informações sobre novos tratamentos. Quando os ensaios clínicos mostram que um novo tratamento é melhor do que o tratamento padrão, o novo tratamento pode se tornar o tratamento padrão. Também temos estudos abertos para abordar a melhor forma de rastrear crianças com síndromes de predisposição ao câncer, incluindo retinoblastoma.

O diagnóstico e o tratamento podem afetar a visão e, consequentemente, a qualidade de vida destes pacientes. Torna-se crucial o seguimento de longo prazo para determinação dos efeitos tardios e intervenção mais precoce, além da monitorização do risco de segundas neoplasias. O aconselhamento genético é fundamental para ajudar os pais na compreensão das consequências genéticas de cada forma do retinoblastoma e para estimativa do risco nos seus familiares.

 

Saiba mais:

https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/cuidando-dos-olhos-do-seu-filho/

https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/cancer-em-criancas-e-adolescentes/

 

Fontes:

https://www.uol.com.br/splash/noticias/2022/01/29/filha-tiago-leifert-cancer.htm

https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/retinoblastoma

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