O que é?
A gastrosquise é uma malformação congênita da parede abdominal, associada a saída do intestino do feto para fora por meio de um orifício na parede do abdome. Trata-se de uma doença rara, que ocorre durante o desenvolvimento do feto no útero materno, no primeiro trimestre da gestação, e faz com que o intestino do bebê permaneça exposto ao líquido amniótico durante toda a gestação. Essa exposição causa alterações inflamatórias em graus variados, que podem resultar em complicações graves. O bebê que tem gastrosquise nasce com o intestino para fora da cavidade abdominal e necessita de tratamento logo após o nascimento.
Esse tipo de defeito do fechamento da parede abdominal ocorre em 1 a 5 bebês a cada 10 mil bebês nascidos vivos. Nos últimos 30 anos, a incidência de gastrosquise aumentou 2 a 4 vezes na América do Norte e na Europa, mas o motivo não foi esclarecido até o momento.
A causa da gastrosquise ainda é desconhecida. As principais hipóteses apontam uma relação da ocorrência de gastrosquise à exposição a agentes teratogênicos (medicamentos, substâncias, infecções, doenças e radiações, que estando presentes durante a vida embrionária ou fetal, produzem alteração estrutural ou funcional). Fatores de risco já conhecidos para a ocorrência de gastrosquise são a idade materna jovem e o tabagismo durante a gestação.
Diagnóstico
A gastrosquise é detectada no período pré-natal em, aproximadamente, 90% dos casos, por meio do exame de ultrassom.
A detecção dessa condição ainda no período pré-natal possibilita orientar os pais e definir o plano de parto adequado para receber o bebê em condições especiais, como uma unidade de terapia intensiva neonatal e uma equipe com obstetra, neonatologista e cirurgião pediátrico preparados.
Tratamento
Quando o bebê com gastrosquise nasce, há uma grande preocupação com os cuidados com o seu intestino – que está fora da cavidade abdominal – protegendo-o de lesões, compressões e torções.
O tratamento da gastrosquise é realizado por meio de cirurgia, com o objetivo de corrigir e fechar o orifício da parede abdominal e reinserir as alças intestinais expostas de volta ao abdome do bebê. O procedimento cirúrgico é realizado logo nos primeiros dias de vida, o mais breve possível.
Os bebês com gastrosquise não podem ser amamentados pela via oral logo que nascem. Sua alimentação só pode ser iniciada semanas após a cirurgia nos casos não complicados.
Com o tratamento cirúrgico, a taxa de sobrevivência de bebês que nascem com gastrosquise não complicada é superior a 90%.
Complicações
Aproximadamente 15% dos bebês que nascem com gastrosquise apresentam complicações relacionadas à gravidade da lesão e inflamação das alças intestinais ao nascimento. Nos casos complicados, podem ocorrer infecções graves, síndrome do intestino curto por ressecção ou disfunção de parte significativa do intestino. Além disso, há necessidade prolongada de tratamentos mais invasivos, como ventilação mecânica e nutrição parenteral, maior tempo de internação, e maior risco de morte. Em alguns casos, outras cirurgias podem ser indicadas devido às complicações.