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Um app para o cotidiano da criança autista
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Um app para o cotidiano da criança autista

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23/06/2025
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Ferramenta criada por um pai de criança autista elimina barreiras na comunicação e inspira famílias em todo o país. Na imagens, Wagner Yamuto, seu filho Gabriel, e o logo do Matraquinha

O livro O futuro do autismo narra a experiência de Wagner Yamuto, idealizador do aplicativo Matraquinha, que surgiu da necessidade de seu filho Gabriel, um adolescente não verbal com autismo nível 3 de suporte. Essa história ilustra como tecnologia e afeto podem se encontrar, ao combinar recursos digitais e a compreensão profunda das dificuldades de comunicação enfrentadas por pessoas no espectro.

Gabriel utilizava fichários Pecs (Picture Exchange Communication System) na escola para indicar desejos e necessidades por meio de figuras. A cada perda de folhas ou dano ao material, ocorria a volta de crises de ansiedade, fruto da incapacidade de se fazer entender. Ao observar a importância desse sistema, Wagner percebeu que as tecnologias disponíveis poderiam atualizar o método e atender famílias que enfrentavam desafios parecidos. Então, com o apoio da esposa Grazyelle e do irmão Adriano, Gabriel desenvolveu o Matraquinha, um aplicativo que reproduz digitalmente as pranchas de comunicação e permite inserir áudios que representam a própria voz da criança ou expressões familiares.

A obra relata casos comoventes de pessoas que adotaram o Matraquinha. Uma mãe conta que descobriu a paixão do filho por pipoca, fato que passou despercebido por anos. Outra enfatiza que a filha com paralisia cerebral adquiriu maior autonomia ao comunicar suas necessidades fisiológicas no tempo certo. Esses relatos mostram o impacto de uma ferramenta criada “de dentro”, ou seja, a partir de vivências pessoais e não de teorias distantes da prática cotidiana.

Wagner destaca que o foco do aplicativo permanece no autismo, porque o volume de estudos e dados sobre TEA ajuda a melhorar recursos e atrair apoio. O Matraquinha é gratuito e prioriza simplicidade de uso, com ícones intuitivos e possibilidade de inserção de imagens familiares. Essa característica personalizável reduz barreiras para famílias que precisam de soluções rápidas e eficazes. O livro ressalta que a criação do app surgiu do amor de um pai que se recusa a enxergar a ausência da fala como barreira intransponível.

A história familiar de Wagner inclui a adoção de Agatha, filha mais nova, que impulsionou mudanças positivas no comportamento de Gabriel. Esse convívio estreitou laços e inspirou o desenvolvimento de outras iniciativas, como a plataforma Adoção Brasil, voltada a compartilhar informações para quem deseja adotar. A conjunção entre tecnologia, família e inclusão reforça a mensagem de que soluções concretas podem nascer do cotidiano, sem depender necessariamente de grandes laboratórios ou de investimentos iniciais robustos.

A obra descreve o Matraquinha como exemplo de ferramenta que evolui a partir da interação com usuários. Pais costumam enviar feedback sobre interfaces, sugestões de símbolos adicionais e novas frases para o banco de áudios. Esse diálogo promove atualizações que tornam o aplicativo mais abrangente. O livro menciona o interesse de investidores, que enxergam no Matraquinha um produto escalável com potencial para abranger outras realidades que envolvem comunicação alternativa.

Em várias passagens, a história de Wagner e Gabriel revela como a frustração pela falta de recursos de comunicação pode ser transmutada em motivação para encontrar soluções originais. O livro relata que, com o Matraquinha, Gabriel não só passou a expressar vontades de modo mais efetivo, mas adquiriu maior autonomia. Cada frase tocada na tela impulsiona a interação com a família, o que diminui episódios de irritabilidade e favorece a construção de vínculos afetivos. A família percebeu que a comunicação transcende palavras, pois envolve a sensação de ser ouvido e respeitado em suas especificidades.

A ampliação desse cenário depende de políticas públicas que incentivem a adoção de aplicativos similares em escolas e unidades de saúde, principalmente em municípios com recursos limitados. A adoção institucional do Matraquinha poderia aprimorar o trabalho de educadores, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. Essa parceria multiplicaria o alcance do aplicativo e garantiria condições de comunicação digna para um maior número de pessoas no espectro ou em outras situações de deficiência que afetam a fala.

No final do capítulo dedicado ao Matraquinha, a conclusão aponta para uma lição maior: cada indivíduo no espectro possui potenciais que se manifestam quando há suporte e acolhimento. A criação de um recurso digital acessível e fácil de usar reforça o recado: não existe barreira que não possa ser repensada, adaptada ou até removida por completo.

Por Rede Galápagos

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mensagem enviada

  • Heloisa Mara disse:

    Essa matéria foi um esclarecimento riquíssimos para a minha prática diária. Quero. Saber como acessar esse recurso, martraquinha. Juntos por uma inclusão real.
    Obrigada
    Heloisa Mara

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