Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

Um convite à reconexão com nossas crianças

Um convite à interação e à reconexão com nossas crianças

Um convite à interação e à reconexão com nossas crianças

Vivemos tempos de muitas transformações. Há no ar uma espécie de nuvem de angústia silenciosa – presente, mas difícil de nomear. Quando a gente ouve, como escutamos? Quando a gente vê, como enxergamos? O que a gente fala para os outros? Como temos usado nossos sentidos auditivos e visuais hoje em dia? Há de fato uma crise de socialização e interação em nossa sociedade.

Artigos, textos, séries e filmes com essa temática são frequentes. Desde os anos 2000 vivemos uma revolução tecnológica impressionante. São várias mudanças fantásticas. Quem nasceu na década de 70, como eu, sabe bem o quão impressionante é. Quando eu era criança, não tínhamos celular, internet, TV a cabo e assinaturas de streamings. Quem é criança hoje não consegue imaginar como era o mundo nessa época.

A dinâmica familiar de antigamente era totalmente diferente da que vemos hoje. Agora, como pai, sei que educar e acompanhar o desenvolvimento de uma criança ou adolescente se torna uma tarefa digna de um herói ou heroína. Educar uma criança ou adolescente exige atenção constante, escuta verdadeira, presença – tudo isso em um cenário repleto de distrações, pressões e informações em excesso.

O que falamos, escutamos ou enxergamos já é totalmente diferente de épocas passadas. Hoje enfrentamos grande dificuldade para nos comunicar e interagir: há muitas barreiras à nossa frente. Ainda assim, vejo que não faltam afeto, carinho e força de vontade. Vamos utilizar esses combustíveis e criar um mundo mais saudável? Vamos usar nossos sentidos com mais sabedoria e escutar e enxergar uns aos outros.

Quando penso em educar nossos filhos, lembro que há pouco tempo vivemos também uma outra revolução, igualmente impressionante, o conhecimento neurocientífico do universo infantil. Esse conhecimento, assim como as novidades tecnológicas, vieram para somar e serem boas ferramentas, mas parece que estamos usando tudo isso de uma maneira ruim. O acesso a todas as informações agora disponíveis não está nos ajudando tanto, muitas vezes acabamos usando esse conhecimento de forma excessivamente técnica, como se o amor, a escuta e a intuição não fossem mais suficientes. Parece que temos que ser especialistas em vários assuntos para podermos ser pai ou mãe nos dias de hoje.

Crianças e adolescentes estão sentindo o reflexo de tudo isso e estão realmente tendo dificuldades em interagir. É hora de desacelerar e usar o tempo a nosso favor. Vamos dialogar mais e criar redes reais, não digitais, que possam ajudar aqueles que precisam de mais interação e cuidado. Não tenham medo de falar, ver e escutar. Conversem com seus filhos. Os pais não precisam saber responder a todas as perguntas, o que precisamos fazer é ter tempo de escutá-las e, mais importante ainda, usar a nossa experiência de vida para debatê-las e aprofundá-las, fazendo com que as crianças e adolescentes sintam que há gente pensando neles e tentando ajudar, sendo uma referência para quando as coisas dão errado.

A Fundação José Luiz Egydio Setúbal está se movimentando, e muito, rumo a esse objetivo. Tem muita gente bacana tentando mostrar aos pais e cuidadores que é, sim, possível criar um ambiente melhor para que esse problema seja, ao menos, amenizado. Existe gente por aqui pensando nessa questão, e em várias outras.

Não temos uma fórmula mágica, mas temos disposição para caminhar ao lado das famílias e dialogar sobre os desafios da infância. Em breve traremos algumas dicas práticas para ajudar nesse processo. Até lá, seguimos juntos – escutando, olhando e sentindo com mais presença. Até logo!

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Atualizado em 6 de junho de 2025

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