Anafilaxia é uma reação alérgica aguda, com risco de morte, que pode afetar todo o corpo. Geralmente é provocada por algo ingerido ou injetado. É uma EMERGÊNCIA médica!
Em um primeiro contato com um alérgeno, por exemplo, uma picada de abelha, a pessoa alérgica pode desenvolver um tipo particular de anticorpo conhecido como imunoglobulina E (ou IgE). A reação alérgica generalizada que se segue é chamada anafilaxia. O corpo todo é envolvido. As reações podem ser leves, e só envolver a pele (urticária ou vergões, vermelhidão da pele e coceira generalizada), ou graves (falta de ar e/ou perda de consciência, com perda de pressão arterial).
SINTOMAS
Os sintomas aparecem em alguns minutos após um encontro com um alérgeno, e geralmente atingem maior gravidade em até 30 minutos. Por vezes, pode haver uma segunda fase de reação, 1 a 8 horas após o início.
Veja os sintomas mais frequentes, que podem iniciar juntos ou em sequência:
- Coceira nos lábios, língua, palato e pele.
- Inchaço nos lábios, língua, pálpebras e garganta.
- Coceira e lacrimejamento nos olhos.
- Manchas ou placas vermelhas na pele (urticária).
- Aumento da frequência cardíaca.
- Cólicas abdominais, náuseas, vômitos, diarreia.
- Dificuldade em respirar devido ao inchaço na garganta, chiado e asma.
- Sensação de morte iminente.
- Colapso, perda de consciência, fraqueza e mal-estar causado por uma queda da pressão arterial.
CAUSAS
Em teoria, qualquer proteína é capaz de causar anafilaxia. Entretanto, dentre as causas principais estão os alimentos, medicamentos, veneno de insetos e látex.
Alimentos: cerca de 6% das crianças sofrem de alergias alimentares, algumas com anafilaxia. Os alimentos mais comumente implicados são:
- Leite (de vaca, de cabra).
- Frutos secos: amendoim, nozes, avelã, castanha, amêndoa.
- Ovos.
- Peixes e mariscos (camarão, caranguejo, lagosta, ostra, vieiras).
- Sementes (gergelim, mostarda), frutas, legumes.
- Pólen: ambrósia, grama ou pólen de árvores. Em alguns casos, as pessoas suscetíveis à anafilaxia podem sofrer da “Síndrome da alergia oral”, na qual ocorre intensa coceira na boca e garganta, com ou sem inchaço na face, causada pela ingestão de certos alimentos derivados de plantas. Isto é devido à estreita relação entre proteínas encontradas em ambos os pólens e os alimentos. Exemplos específicos destes tipos de associações são:
- Pólen de bétula: maçãs, batatas cruas, cenouras, aipo e avelãs.
- Artemísia pólen: aipo, maçã, amendoim e kiwi.
- Pólen ambrósia: melancia, melão e bananas.
- Látex: banana, abacate, kiwi, castanha e mamão.
Antibióticos e outros medicamentos:
- Antibióticos: Penicilinas e cefalosporinas. Ocorrem com maior frequência se usados injetados e menos por via oral. As reações alérgicas ocorrem em 1 a 5% dos tratamentos com penicilinas e 20% destas são do tipo anafilático.
- Relaxantes musculares e narcóticos usados em anestesia.
- Anti-inflamatórios.
- Contrastes radiológicos: causam reações alérgicas em cerca de 5% dos pacientes.
- Produtos derivados do sangue (transfusões).
Insetos
- Veneno de abelha, vespa, marimbondos e formiga de fogo (contêm enzimas que são capazes de causar anafilaxia).
Látex
- Materiais e equipamentos de uso em procedimentos médicos e dentários: luvas, cateteres e sondas. Os profissionais da saúde podem desenvolver alergia ocupacional através do uso frequente de luvas de látex, especialmente as que contêm pó.
- Materiais de uso cotidiano, por exemplo, em balões de festa, luvas para limpeza doméstica, preservativos, elásticos e brinquedos de borracha.
Produtos químicos
- Sulfitos: conservantes adicionados a alimentos, bebidas e medicamentos para impedir a deterioração podem raramente causar anafilaxia em pessoas susceptíveis.
TRATAMENTO
O tratamento deve ser o mais precoce possível, assim que ocorrem os primeiros sintomas, para evitar a progressão do quadro. Quanto mais cedo o ataque é tratado, menos grave será.
Aos pacientes com este diagnóstico, recomenda-se que sempre carreguem um kit de injeção de epinefrina, que deve ser administrada no músculo imediatamente, enquanto se aguarda o socorro. Se não houver melhora após alguns minutos, deve ser dada uma segunda injeção.
Mesmo quando há uma boa resposta à injeção de epinefrina, o paciente deve ser transferido para o hospital para observação, por causa do risco de uma segunda fase de ataque de anafilaxia. O tratamento no hospital pode envolver o uso de outras drogas, como anti-histamínicos e corticoides, além da adrenalina e soro intravenoso.
PREVENÇÃO
Um indivíduo que tenha sofrido um ataque de anafilaxia deve ser encaminhado ao especialista para identificar a causa da reação. O alergista é o profissional responsável por indicar o exame apropriado para identificar os anticorpos responsáveis pela alergia presentes no corpo e, portanto, definir qual é o provável alérgeno responsável pela anafilaxia. Os pacientes em risco deverão utilizar um bracelete ou outra identificação de alerta médico detalhando as alergias conhecidas. Isso auxiliará o socorro, durante um possível ataque. Em casa, trabalho e escola, as pessoas que convivem com o paciente devem ser alertadas para o problema do paciente e orientadas sobre o que fazer em caso de emergência.
Conselhos para prevenção de alergia a alimentos
- O aleitamento materno é a melhor opção para prevenção da alergia ao leite de vaca.
- Observe com cuidado os rótulos dos alimentos, existem muitos alimentos processados que “escondem” alérgenos alimentares. Por exemplo, amendoim em sorvete e proteína do leite de vaca em fast food. Existe uma campanha nacional para conscientização sobre a necessidade da rotulagem adequada dos alimentos e produtos.
- Se seu filho é alérgico a algum alimento, certifique-se que os professores e supervisores de refeições na escola estão cientes.
- Refeições fora de casa: consulte os ingredientes utilizados com o garçom ou chef.
- Consulte uma nutricionista que pode ajudar na orientação de uma dieta que substitua os alérgenos alimentares.
Conselhos para prevenção de picadas de inseto
- Mantenha-se afastado de áreas onde os insetos constroem ou têm seus ninhos.
- Tenha cuidado ao escolher frutos maduros ou quando essa fruta está no chão debaixo de uma árvore.
- Mantenha sempre os alimentos cobertos e limpe as áreas para refeição ao ar livre (churrasqueira) e lixeiras.
- Não use perfume, roupas de cores florais e brilhantes.
- Mantenha um spray inseticida no carro.
- Usar sapatos fechados ao ar livre e não andar descalço.
- Não use roupas folgadas que possam aprisionar os insetos.
Conselhos para prevenção de reações a medicamentos
- Informe aos médicos, dentistas e outros profissionais da saúde sobre sua alergia.
- Verifique a bula de medicamentos para gripes e resfriados que podem conter substância à qual você é alérgico.
Conselhos para evitar reações de látex
- Evitar o contato com produtos de látex natural. Existe uma campanha nacional para obrigar a rotulagem dos materiais que contém látex natural.
- Informar médicos, dentista e outros profissionais de saúde, familiares, empregadores e funcionários da escola sobre a alergia.
- Use produtos sintéticos em vez de produtos de látex natural.
- Evite o uso de luvas de látex com pó para evitar a inalação de proteínas do látex.
- Em caso de reação cruzada, evitar alimentos que contêm as mesmas proteínas alergênicas do látex como: abacate, banana, kiwi, mandioca e castanhas.
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Atualizado em 7 de junho de 2024